Um estudo da Universidade do Minho (UMinho) revela que entre 25% a 42% dos alunos do ensino básico e secundário já viram os colegas a serem insultados. A aparência física, a orientação sexual e o rendimento escolar são as principais causas de discriminação. Esta é uma das conclusões do projecto ‘Políticas, Governação e Administração na Educação: Democracia, Territórios e Desigualdades’.
Durante a investigação, realizada entre 2013 e 2016, foram inquiridos 739 estudantes de quatro escolas dos distritos de Braga e Faro com o objectivo de conhecer as causas, as percepções e os efeitos da discriminação e, assim, actuar de forma mais eficaz contra este tipo de bullying. O bulling afecta uma em cada quatro crianças em idade escolar.
Os resultados destacam mais episódios de violência nas escolas do Sul do país, onde 42% dos alunos já viram os colegas a serem insultados, contra 25% no Norte. A percentagem diminui de forma acentuada quando os próprios afirmam ter sido agredidos verbal e fisicamente: 4,7% em Braga e 13.5% em Faro.
‘Ser gordo’ é a primeira causa de discriminação apontada pelos inquiridos, seguindo-se a dimensão das mãos, dos pés, do nariz, das pernas e dos braços. Ser tímido, ‘nerd’ ou apresentar dificuldades de aprendizagem, ser gay ou lésbica, não usar ‘roupa de marca’ ou ter ‘sotaque” são outros dos motivos destacados, realça a equipa do Centro de Investigação em Educação da UMinho.
Os 18 cientistas envolvidos no estudo alertam para a naturalização cada vez maior da discriminação em contexto escolar. Por exemplo, expressões como “sim, mas é a brincar!” surgiram frequentemente nos discursos dos alunos.
“Assiste-se a uma banalização do tratamento discriminatório, com a consequente falta de atenção prestada ao fenómeno, quer pelos colegas, quer pelos docentes e auxiliares”, reforçam. E acrescentam: “A maioria considera que os agressores são os mais populares na escola porque ‘todos gostam de estar do lado do poder’. Não deixa de ser uma afirmação reveladora”.
FG (CP 1200) com Lifestyle