“É inaceitável que dois Estados-Membros assumam uma posição de chantagem e prejudiquem, de forma consciente e deliberada, toda a União Europeia e os seus cidadãos”, acusa o eurodeputado do PSD José Manuel Fernandes, reagindo à decisão de Hungria e Polónia terem bloqueado a aprovação do Quadro Financeiro Plurianual da UE (QFP 2021-2027) e do Fundo de Resolução.
A decisão daqueles dois países é entendida como “retaliação” por ter sido aprovado um mecanismo que condiciona o acesso aos fundos comunitários ao respeito pelo Estado de Direito em cada país.
José Manuel Fernandes que integrou o grupo de negociação do QFP 2021/2027, critica também o Conselho Europeu, onde estão representados os 27 Estados-Membros.
“REPUGNANTE”
“Numa situação de emergência face às consequências da pandemia Covid-19, é repugnante a constatação de que o Conselho represente pouco mais do que a soma de 27 egoísmos nacionais”, afiram, esperando que “a Chanceler Ângela Merkel, a única líder na Europa, arraste mais uma vez os governantes para uma decisão por unanimidade”.
E deixa alerta: “Os cidadãos europeus não perdoariam que, no momento em que mais precisam da Europa, fossem os Estados-Membros a darem tiros nos próprios pés e a penalizarem os seus cidadãos”.
Hungria e Polónia “aproveitam a necessidade de unanimidade na constituição do Fundo de Recuperação para tentarem impor um regulamento que lhes seja favorável no Estado de Direito”, para cuja aprovação se exigia votação por maioria.
José Manuel Fernandes sublinha que, sem o Fundo de Recuperação – a chamada ‘bazuca’ europeia de resposta à crise pandémica –, “não poderemos dar o consentimento a um QFP com cortes enormes, que foram camuflados e evitados precisamente pelo Fundo de Recuperação”.
Neste processo, o eurodeputado social-democrata considera que “foi um erro ligar um regulamento em co-decisão – o Estado de Direito – a outros que exigem unanimidade, como o QFP e a decisão sobre recursos próprios”.
José Manuel Fernandes relembra que o Parlamento Europeu deu, em 16 de Setembro deste ano, o parecer relativamente à decisão recursos próprios que permite à Comissão Europeia financiar-se nos mercados em 750 mil milhões de euros, para além de também definir as fontes de financiamento do orçamento europeu.
Para que esta decisão entre em vigor é ainda necessário que o Conselho decida por unanimidade e depois a ratificação dos parlamentos nacionais.
“Este é um processo moroso e, por isso, o Parlamento Europeu acelerou todos os procedimentos necessários”, destaca o Eurodeputado. Lamenta que, contudo, o Conselho ainda não tenha decidido e “só hoje [segunda-feira] é que se pronunciou”, com um mau resultado para a União Europeia e os seus cidadãos.