Altino Bessa, presidente da Concelhia de Braga do CDS, reitera a exigência de um referendo sobre a despenalização da eutanásia e denúncia o que chama de “vazio” nos cuidados paliativos. “Como é que se despenaliza a eutanásia se há serviços fundamentais para o cuidado do doente que não existem ou não funcionam”, questiona.
Em nota ao PressMinho, Bessa diz que “é da natureza das democracias serem uma obra sempre em construção”, e, como tal, “querer evitar que o todo nacional se envolva, com direito a voto, na discussão de uma questão tão complexa como esta é tratar os eleitores como se fossem vazios de pensamento crítico”.
O também vereador da Câmara de Braga acrescenta que “esta causa ultrapassa as competências dos deputados, não só por ser do foro das consciências, mas também porque excede a legitimidade dos seus mandatos, uma vez que a questão não foi esclarecida na campanha eleitoral que precedeu a sua eleição”.
Não referendar a despenalização da morte assistida é, no entendimento de Bessa, uma posição “anti-democrática”.
“Como democratas não podemos aceitar a aprovação da eutanásia sem consulta popular”, sublinha, defendendo que “a democracia impere e que se permita uma decisão de ‘fora para dentro’ e não de ‘dentro para fora’” e que “o momento deveria ser exemplo de democracia participativa”.
IMPÉRIO DO VAZIO
Dirigindo-se aos apoiantes da despenalização da eutanásia em sede parlamentar, que tem estado no centro do debate, o líder dos centristas bracarenses questiona: “como é que um Estado de direito pode aprovar a despenalização da eutanásia se não existe uma rede de cuidados continuados e paliativos competentes e eficazes?”.
Defendendo que é “urgente” que, antes de se pensar na despenalização da eutanásia, “se criem condições para que os nossos doentes possam ser bem cuidados”, Altino Bessa afirma que “o investimento neste tipo de unidades praticamente não existe. É uma rede vetada ao abandono. É muito grave quando, por exemplo, doentes que precisam de cuidados continuados são enviados para unidades longe da sua zona de residência, isto porque não há uma rede de resposta na sua cidade”.
E acrescenta: “no que aos cuidados paliativos diz respeito, o que impera é o vazio. O vazio de respostas, o vazio de investimento, o vazio de soluções. Como é que se despenaliza a eutanásia se há serviços fundamentais para o cuidado do doente que não existem e/ou que, pura e simplesmente, não funcionam”.
Fernando Gualtieri (CP1200)