A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) classificou a discussão sobre a legalização da eutanásia como sinal de “uma perda de sentido da vida humana”, unindo-se à posição recente do Bastonário da Ordem dos Médicos.
A posição daquela associação surge depois do Bloco de Esquerda (BE) ter anunciado levar ao Parlamento um projecto de lei de despenalização da morte assistida (eutanásia e suicídio assistido) na sequência da petição ‘Pelo direito a morrer com dignidade’ com mais de oito mil assinaturas, entre elas as dos deputados bloquistas José Manuel Pureza e Mariana Mortágua, da ex- ministra Paula Teixeira da Cruz (PSD), da deputada socialista Isabel Moreira, de Pacheco Pereira e do escritor Miguel Esteves Cardoso, entre outras personalidades.
A reacção da AMCP surge ainda depois do primeiro caso de eutanásia infantil na Bélgica, onde esta prática não tem limite de idade. O projecto de lei que BE prepara para os primeiros meses de 2017 exclui as crianças e doentes mentais
“A sociedade civil não pode nem deve contribuir para que, em nome de uma ilusória autonomia e de uma distorcida noção de liberdade (que abre caminho ao individualismo egoísta e à indiferença para com os outros) seja tornado lícito o que é ilícito, instaurando uma autêntica cultura da morte”, afirma a AMCP num comunicado enviado à Agência Ecclesia.
Os médicos católicos unem, assim, a sua voz à Ordem dos Médicos “no repúdio da prática da eutanásia” sublinhando que ela é “atentatória da dignidade da vida humana e, por consequência, da dignidade da acção médica”, naquela que é a missão “de cuidar da saúde das pessoas” e zelar por “uma autêntica cultura da vida”.
Recorde-se que em Outubro, o actual Bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, em conjunto com vários dos seus antecessores no cargo, como António Gentil Martins, Carlos Soares Ribeiro, Germano Sousa e Pedro Nunes, assinaram uma carta onde realçam que a eutanásia “não é mais do que tirar a vida”.
“Os médicos, no cumprimento dos princípios da Ética, consignados em todos os Códigos de Ética Médica, nomeadamente no seu Código Deontológico, não podem nem devem ir contra aquilo que é o essencial da sua profissão”, frisa a AMCP no mesmo comunicado, que destaca ainda as implicações legislativas que poderiam decorrer da eventual legalização da eutanásia.
Fernando Gualtieri (CP 1200)