A Everjets, empresa de Domingos Névoa, de Braga, alvo esta sexta-feira de buscas da PJ realizadas no âmbito do inquérito a dois concursos públicos de aquisição e manutenção de aeronaves para combate a incêndios, “congratula-se pelo facto de haver finalmente desenvolvimentos neste processo”.
Em comunicado, a administração da empresa confia que “possam agora ficar esclarecidas todas as questões relacionadas com o processo e com o alegado envolvimento da Everjets”.
Quando Névoa adquiriu a empresa em 2015, já os contratos estariam assinados, pelo que, a actual administração “nada tem a ver” com irregularidades que possam ter existido nos concursos, lançados ainda na gestão do empresário Pedro Silva, de Famalicão, líder do grupo Ricon.
A firma é gerida pelo genro de Névoa, Ricardo Dias, piloto que já trabalhava na firma, tendo esse sido o motivo que levou o empresário a investir.
As buscas da PJ estenderam-se à sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e no aeródromo de Ponte Sôr. A PJ realizou ainda uma dezena de buscas em Lisboa, Porto e Portalegre, para obtenção de provas relacionadas com contratos públicos de aquisição e manutenção de aeronaves para combate a incêndios.
Negócio de 46 milhões
De acordo com a Judiciária, em causa está a eventual prática dos crimes de corrupção, participação económica em negócio e falsificação de documentos.
Em Fevereiro de 2015, a empresa Everjets ganhou o concurso público internacional para a operação e manutenção dos seis helicópteros Kamov do Estado, por um período de quatro anos, no valor superior a 46 milhões de euros. Em Junho desse ano, a Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) abriu um inquérito relacionado com problemas detectados nos helicópteros Kamov, mas ainda sem conclusão.
A abertura do inquérito da IGAI surge após a ANPC ter detetado problemas “graves no estado das aeronaves” durante o processo de transferência dos Kamov da Proteção Civil para Everjets, que aconteceu em março de 2015.
Anteriormente, era a Heliportugal a empresa responsável pela manutenção e operação dos Kamov. Com a extinção da Empresa de Meios Aéreos (EMA) em Outubro de 2014, a ANPC ficou responsável pela gestão dos contratos de operação e manutenção dos meios aéreos próprios do Estado. Em 2013, a Everjets ganhou também o concurso de aluguer de 25 helicópteros ligeiros de combate a incêndios florestais por um período de cinco anos, que chegou a ser impugnado judicialmente pela empresa derrotada Heliportugal.