Fundada em 1953, a Playboy mudou. De revista com conteúdos para homens evoluiu para marca e, recentemente, foi decidido que a nudez iria desaparecer das suas páginas. Cory Jones, diretor de conteúdos da Playboy norte-americana, esteve em Portugal numa conferência que reuniu vários responsáveis mundiais da revista e falou sobre a nova vida da Playboy.
Em outubro de 2015 a informação começou a circular. Era difícil de acreditar, mas a Playboy anunciava que as capas com mulheres nuas, uma das imagens de marca da revista, iam acabar. E a nudez nas páginas da revista também.
O que muitos não sabem é que foi Cory Jones, diretor de conteúdos, que entrou na Playboy em agosto de 2014, o mensageiro dessa decisão. De passagem por Lisboa, para participar na conferência internacional sobre a Playboy, Jones relembrou esse momento ao SAPO 24.
“Foi a primeira e a única vez que estive com ele (Hugh Hefner) o que acabou por ser muito interessante”, tendo em conta que Hugh Hefner “é um ícone americano. E mostrar-lhe como nós íamos mudar o seu bebé, o trabalho da sua vida é incrível. Ele foi muito rigoroso, o que foi muito interessante”.
No tempo da internet e das redes sociais a Playboy reinventou-se. Através das maquetes que davam a conhecer uma nova era da revista, Cory Jones não sabia o que esperar do seu encontro com Hefner, que marcou todas as páginas que viu, tentando perceber e opinando sobre as alterações que estavam a ser propostas. “O que eu acho que ele gostou mesmo foi do facto de termos uma lógica para cada decisão que tomámos. Não estávamos a tomar decisões só porque sim”, explicou Jones que, em conjunto com os editores da publicação, trabalhou no processo de renovação da revista.
“Fechámo-nos numa sala e desconstruímos todos os aspetos da revista: cada espaço, cada secção, cada página. E fizemos a pergunta: por que razão isto precisa de continuar aqui? E ele viu que nós tínhamos mesmo pensado sobre todas as decisões que estávamos a tomar e confiou que íamos fazer a coisa certa”, afirmou. Apesar de ter havido alguma discórdia, natural num processo criativo, “ele foi muito positivo” e “tinha as suas perguntas e nós tínhamos as respostas”.
Mas a mudança já tinha começado há algum tempo. Em agosto de 2014, o site da Playboy foi relançado depois de todo o conteúdo que continha nudez ter sido banido desta plataforma, o que tornou todo o conteúdo partilhável. A nudez deu lugar à sensualidade e os resultados refletiram-se nos números.
De acordo com o diretor de conteúdos da Playboy, as visitas aumentaram de 4 para 20 milhões de visitas por mês e a faixa etária dos utilizadores baixou de 47 para 30 anos. “Vimos este enorme sucesso e nem precisámos mudar o ADN da marca. Nós continuámos a ser a Playboy, simplesmente não tínhamos nudez. Isso mostrou-nos que a marca, em si, era muito relevante”, afirmou Jones. E isso não deixa de ser verdade. O “coelhinho” da Playboy está no top 20 das marcas mais reconhecidas a nível mundial, onde constam nomes como a Nike, a Disney ou a McDonald’s, e os seus produtos são comercializados em mais de 180 países.
Daniela Costa/Sapo24
Foto: Carlos Manuel Martins