A Câmara Municipal de Braga, o Movimento Democrático de Mulheres e a Comissão Promotora de Homenagem aos Democratas do distrito de Braga acordaram na necessidade de dar a conhecer a realidade da mulher no Estado Novo às gerações mais novas, através da circulação da exposição pelos estabelecimentos de ensino, nomeadamente junto dos alunos das escolas secundárias.
A importância desta temática foi sublinhada pela vereadora do pelouro da Educação, Carla Sepúlveda que inaugurou esta quinta-feira, exposição ‘A condição da mulher no Estado Novo’, a segunda que a Comissão promotora organizou no espaço do Mercado Municipal de Braga, depois de ali ter organizado a primeira parte da mostra de fotografias do malogrado fotojornalista, José Delgado Fernandes.
“É muito importante o contraste da exposição que não reflecte apenas a realidade da mulher no período da ditadura, mas as conquistas com a revolução do 25 de Abril”, sublinhou a vereadora que esteve presente em representação do presidente da Câmara de Braga, ausente no estrangeiro.
MULHERES RESISTENTES
A ideia de fazer circular a exposição pelos estabelecimentos de ensino mereceu a unanimidade dos presentes que ocorreram ao final da tarde aquele local, desde a presidente da Assembleia Municipal, Hortense Santos, ela própria dirigente do agrupamento escolar Carlos Amarante, aos vereadores Altino Bessa e Babara Barros e Luísa Caeiro, uma das mulheres resistentes que se fez acompanhar pelo marido, também ele um dos rostos da resistência civil ao Estado Novo, Alberto Jorge Silva.
Em nome do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), Maria Elisa Marques realçou que a exposição é a mostra da realidade do papel das mulheres na sociedade ditatorial, onde o lema ‘Deus, Pátria e Família’ era “a grande Lei do Estado Novo”.
Aquela dirigente sublinhou o carácter submisso da mulher: “esta exposição mostra bem que a função da mulher era apenas ser obediente ao homem e dar filhos e a revolução acabou por colocar a mulher num papel de igualdade com o homem”.
Paulo Sousa, em nome da Comissão Promotora de Homenagem aos Democratas elogiou o “papel das mulheres no período da resistência: “destacar os seus nomes é um dever e uma herança pelo exemplo que perdura e perdurará na nossa memória local e do país”, dando como exemplo as mães e mulheres como Margarida Malvar, Luísa Caeiro e Etelvina Sá.
O coordenador da Comissão apontou depois o exemplo da fundadora do MDM, em 1968, Maria lamas, candidata pela oposição nas listas da CDE. “Esta e outras mulheres “lutaram contra o Estado Novo na clandestinidade, nas prisões, em fábricas, nas universidades, nos movimentos sociais, e nas cooperativas”.
Paulo Sousa terminou a sua intervenção lendo o poema ‘Esta gente’ da obra ‘Geografia’, de Sophia Mello Breyner Andresen.