Faleceu, nas últimas horas, o mestre Agostinho Domingues, professor e historiador ilustre, natural de Santa Maria de Bouro, Amares. Doutor Agostinho Domingues é apontado como protótipo da grandeza humana, um filho ilustríssimo de Amares, um grande apaixonado pela literatura portuguesa e um combatente da democracia.
Nascido em 1940, em Santa Maria de Bouro, Amares, fez os seus primeiros estudos da Escolaridade elementar em Bouro, ingressando depois para frequentar os cinco primeiros anos do secundário em seminários da Companhia de Jesus.
Antes de ser professor dos liceus em Braga e Vila Real, concluiu a licenciatura em Coimbra e o Mestrado em Braga.
Foi professor do ensino secundário (Escola Sá de Miranda, em Braga) onde colocou ao dispor das centenas de alunos que o tiveram como Mestre os conhecimentos da sua Licenciatura em Filologia Românica pela Universidade de Coimbra e do seu Mestrado em Língua e Literatura Portuguesa pela Universidade do Minho.
Ao longo da sua carreira foi vice-reitor do ex-liceu de Barcelos, membro de conselhos directivos e inspector regional (Inspector superior) para a Educação nos distritos de Braga e Viana do Castelo.
Além de Mestre de várias gerações e regular colaborador dos jornais Diário do Minho e Correio do Minho, Agostinho Domingues dedica a sua vida ao combate pela democracia, tendo sido Deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República, em vários mandatos; foi vereador da Câmara de Amares entre 1976 e 1989. Foi também membro da Comissão Nacional do Partido Socialista Assembleia da República, em vários mandatos;
Do seu estudo e investigação deixa-nos várias obras, como apaixonado que era pelo seu conterrâneo Francisco Sá de Miranda. Entre elas destacamos, Homenagem a Sá de Miranda, Amares, 1987; Pessoa/Persona, Amares, 1988; A Comédia de Rubena de Gil Vicente, em co-autoria, Amares, 1988; Cantigas de João Garcia de Gilhade, Barcelos, 1992, (versão para o grande público da tese de mestrado).
Da sua vasta colaboração herdamos de Agostinho Domingues ‘Textos para teatro’ (sobre Sá de Miranda, Antero de Quental e Almada Negreiros), palestras e artigos em revistas e jornais, nomeadamente nos diários Correio do Minho e Diário do Minho e na revista O Escritor.
Destas publicações destaca-se a colectânea — dedicada a José Ferreira Salgado, outro companheiro de batalhas pela democracia — ‘O Infante D. Henrique, entre a história e a literatura’, editada pela Arcada Nova, em 1999.
Citando o seu poeta preferido, que estudou até aos últimos dias de vida, hoje apetece-nos dizer, sem saber se o havemos de chorar “porque nos deixaste, se cantar por entre mortais ver-te divino”.»
Redacção com Costa Guimarães