A cidade de Nice é a última a anunciar a proibição de uso do burkini pelas mulheres muçulmanas nas praias. Medida polémica tem o apoio do primeiro-ministro Manuel Valls.
A decisão anunciada esta sexta-feira pelo autarca de Nice faz especial referência ao ataque de 14 de Julho na cidade quando um camião matou 86 pessoas – um dos feridos morreu esta sexta-feira.
É proibido um traje que “manifesta abertamente adesão a uma religião numa época em que a França e os lugares de culto são o alvo de ataques terroristas”.
O município considera ainda que “esconder o rosto ou vestir um traje de corpo inteiro para ir para a praia não está de acordo com o nosso ideal de relações sociais”.
As mulheres muçulmanas ficam assim impedidas de acederem às praias se não usarem um traje “correto, que respeite os bons costumes, o princípio do laicismo e as regras de higiene”.
O mesmo principio já foi aplicado em 8 municípios da Côte d’Azur: Cannes, Villeneuve Loubet, Mandelieu, Saint Jean Cap Ferrat, Beaulieu sur Mer, Eze, Villefranche e Cap d’Ail.
No resto do país, também Sisco (na Córsega), Le Touquet e Oye Plage (norte) e Leucate (sudeste) anunciaram que aplicaram ou pretendem aplicar a proibição nos próximos dias.
Em Cannes, três mulheres já foram multadas em 38 euros por usarem o fato de banho que cobre todo o corpo, excepto rosto, mãos e pés.
Na quarta-feira o primeiro-ministro Manuel Valls defendeu que “as praias, como qualquer espaço público, têm de estar livres de qualquer reivindicação religiosa” e defendeu que o burkini “não é uma nova gama de fatos-de-banho, uma moda” mas sim “a tradução de um projecto político, de contra-sociedade, baseado na escravidão da mulher”.
O fato de banho muçulmano “não é compatível com os valores da França”, concluiu.
Manuel Valls afastou a hipótese de legislar sobre o assunto e insistiu no cumprimento rigoroso das leis que já estão em vigor contra a burqa (que cobre todo o rosto das mulheres) e o niqab (que só deixa ver os olhos).
O uso de burkini já está a ser dirimido nos tribunais após uma iniciativa do CCIF – Coletivo Contra a Islamofobia em França.
Fonte: TSF