A entrada dos navios russos nas águas territoriais portuguesas (12 milhas náuticas), que estava em dúvida, não vai acontecer. Ao Jornal Económico, fonte do Ministério da Defesa Nacional assegurou que estão a cerca de 95 milhas da costa e que, mantendo a velocidade a que vêm, prevê-se que amanhã, por volta das 16h ou 17h abandonem as águas sob jurisdição nacional.
A força naval da Federação Russa, da qual fazem parte oito navios de guerra, um porta-aviões e um submarino, tinha permissão para entrar em águas portuguesa, ao abrigo do “direito de passagem inofensiva”, previsto na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.
A vigiar o percurso dos navios russos está a Marinha e a Força Aérea Portuguesa, com uma fragata e um avião, respectivamente. Nestes casos, é o procedimento normal do ministério da Defesa português.
“Em princípio vão-se manter em águas sob jurisdição nacional. Está tudo a acontecer normalmente e prevê-se que continue assim até amanhã. Estávamos à espera que eles entrassem um pouco mais cedo nas nossas águas, diz a mesma fonte do gabinete do ministério da Defesa. Acreditam que, provavelmente, terá sido o mau tempo a causar o atraso ou “a esquadra russa terá decidido por algum motivo abrandar a marcha”.
O ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, já tinha referido que a passagem dos navios russos devia ser olhada com a “máxima atenção”. Em declarações à comunicação social, nas comemorações do Dia do Exército, o ministro afirmou que é o acontecimento “suscita perguntas”.
“Qualquer que seja o país envolvido, e por definição tratando-se de um país com a responsabilidade da Rússia, que haja a percepção clara de que a presença de forças navais de forma não prevista ou não habitual, como aquilo que estamos agora a assistir, é algo que inevitavelmente suscita especulação, suscita perguntas e deve ser olhada com a máxima atenção”, acrescentou José Azeredo Lopes.
O percurso desta frota russa está a ser acompanhado por meios de vários países da NATO, que admite preocupações com a escalada militar de Moscovo. O secretário-geral da NATO, acredita que este movimento militar russo pode ser decisivo na batalha de Alepo, a cidade síria que tem estado debaixo de bombardeamentos intensos do exército síria com a ajuda de Moscovo.
O destino dos navios será a Síria, onde os russos têm uma base naval em Tartus. Na região estarão já outros dez navios, a partir dos quais têm sido disparados mísseis cruzeiro. Moscovo é um aliado do presidente Bachar al-Assad, participando na ofensiva área lançada em setembro contra os rebeldes da zona leste de Aleppo.
“Eles estão a destacar toda a frota do Norte e a maioria da frota do Báltico no maior destacamento desde o fim da Guerra Fria”, disse à Reuters, sob anonimato, um diplomata da NATO. “Esta não é uma visita amigável. Em duas semanas, vamos ver um aumento dos ataques aéreos em Aleppo, como parte da estratégia russa de declarar ali a vitória”, indicou.
Fonte: Jornal Económico