O pai de Mahsa Amini foi libertado pelas forças de segurança iranianas, este sábado, depois de o terem detido por um curto período de tempo e de o terem avisado para não assinalar o aniversário da morte da jovem.
“As forças de segurança detiveram Amjad Amini hoje [sábado] e devolveram-no à sua casa depois de o terem ameaçado contra a comemoração do aniversário da morte da sua filha”, disse a Rede de Direitos Humanos do Curdistão.
A família de Mahsa Amini já fez saber que, apesar dos avisos do Governo e da detenção do pai da jovem, vai assinalar o aniversário da morte junto à campa.
A morte de Mahsa Amini sob custódia policial, há um ano, desencadeou meses de protestos antigovernamentais que se transformaram na maior manifestação de oposição às autoridades dos últimos anos.
O Irão está a viver o primeiro aniversário da morte de Mahsa Amini num clima tenso e de inquietação, com uma forte presença policial nas ruas, rigorosas advertências governamentais e poucos apelos à contestação, relataram hoje as agências internacionais.
A morte da jovem curda iraniana de 22 anos, a 16 de Setembro de 2022, depois de ter sido detida três dias antes pela polícia dos costumes por alegadamente não usar correctamente o véu islâmico, desencadeou fortes protestos em todo o país, com palavras de ordem a apelar à liberdade e à defesa dos direitos das mulheres iranianas.
Os protestos prolongaram-se durante alguns meses e as palavras de ordem evoluíram e começaram a exigir o fim da República Islâmica. A contestação nas ruas acabaria por extinguir-se após uma repressão que causou 500 mortos, milhares de detidos e a execução de sete manifestantes, um deles em público.
O Presidente Ebrahim Raisi reuniu-se na sexta-feira com familiares de membros das forças de segurança que morreram nos protestos desencadeados pela morte de Amini, noticiou hoje a agência oficial IRNA.
O encontro teve lugar na cidade santa de Mashad e Raisi reuniu-se com familiares de dois membros da milícia islâmica dos basiji que morreram em Novembro do ano passado nos protestos em várias cidades iranianas.
As autoridades condenaram Majid Reza Rahnavard à forca por estas mortes e em Dezembro este jovem de 23 anos foi enforcado em público.
Pelo menos sete manifestantes foram executados por participar dos protestos.
Nas últimas semanas, as autoridades iranianas intensificaram os avisos e as medidas repressivas numa tentativa de evitarem que o primeiro aniversário da morte de Amini se converta em novas manifestações.
SANÇÕES E PROTESTOS
Apesar da visibilidade dos protestos e da atenção internacional, o movimento cívico ainda não conseguiu ameaçar os alicerces do regime teocrático liderado pelo ayatollah Ali Khamenei.
Os Estados Unidos, em coordenação com o Reino Unido, o Canadá e a Austrália, anunciaram na quinta-feira a imposição de sanções contra 25 cidadãos iranianos (membros das forças de segurança e dos guardas da revolução), três órgãos de informação (o canal Press TV e as agências Tasnim e Fars) e uma empresa “ligada à censura da internet” no país – todos relacionados com a repressão das manifestações cívicas.
Centenas de activistas reuniram-se este sábado em Londres e noutras cidades europeias para assinalar o aniversário da morte de Mahsa Amini, a jovem curda iraniana de 22 anos que morreu sob custódia policial no Irão no ano passado.
Gritando “Mulheres! Vida! Liberdade!”, segundo a agência Associated Press (AP), a multidão segurava o retrato de Amini, manifestando-se em memória da jovem.