Vitrinas partidas, cocktails Molotov e confrontos com a polícia marcaram esta quinta-feira as manifestações anunciadas como as últimas contra a revisão do código do trabalho aprovada durante o verão.
Pela 14.ª vez, milhares de opositores à Lei do Trabalho desfilaram pelas ruas de Paris e de mais uma centena de cidades francesas para exigir a “retirada integral” desta lei defendida pelo Governo socialista contra uma parte do seu próprio campo político.
O texto, que pretende “tornar mais fluido” o mercado de trabalho num país onde o desemprego atinge 10% da população, é considerado demasiado favorável aos empregadores pelos seus críticos, que multiplicaram os protestos, muitas vezes manchados por violência.
Esta quinta-feira, um agente da polícia sofreu queimaduras numa perna e outras cinco pessoas, entre as quais um manifestante, ficaram feridas em confrontos em Paris, segundo a polícia. Outros quatro polícias também tiveram de ser assistidos.
Manifestantes, alguns encapuzados, lançaram objectos às forças da ordem que, por sua vez, responderam com granadas de gás lacrimogéneo e de atordoamento.
Paragens de autocarro e outro mobiliário urbano foram alvo de vandalismo e foram lançados cocktails Molotov a montras de lojas.
Pelo menos 12 pessoas foram detidas antes e durante a manifestação, mas a maioria dos participantes (13 mil, segundo a polícia, 40 mil segundo os organizadores) manteve-se pacífica.
Em Nantes e Rennes, duas cidades do oeste de França, onde a contestação foi particularmente forte na primavera, registaram-se também confrontos com a polícia.
Desde a apresentação do seu projecto de revisão da lei do trabalho, no início deste ano, o Governo socialista francês enfrenta protestos de dimensões inéditas dentro do seu próprio campo político.
No auge da contestação, a 31 de Março, entre 390 mil pessoas (autoridades) e 1,2 milhões (sindicatos) saíram à rua.
FG (CP 1200) com TSF