O Governo francês vai distribuir aos cidadãos um “manual de sobrevivência” para ajudar os gauleses a prepararem-se para “ameaças iminentes”, incluindo um cenário de invasão e conflito armado em França. A Suécia já tem o seu e chama-se ‘Em caso de crise ou guerra’.
O JN avança esta quinta-feira, que caso seja aprovado pelo primeiro-ministro François Bayrou, o livreto de 20 páginas com 63 recomendações para situações como um conflito armado, desastres naturais e até acidentes industriais será entregue às famílias francesas ainda antes do Verão, noticiaram os média do país.
“O objectivo deste documento é garantir a resiliência das populações face a todo o tipo de crise, seja ela natural, tecnológica, cibernética ou de segurança”, afirmou uma porta-voz do gabinete do chefe de Governo, citado pelo jornal português.
O documento é dividido em três partes: como se proteger e proteger as pessoas ao seu redor; o que fazer face a uma ameaça iminente, com uma lista de contactos de emergências, canais de rádio e a recomendação de fechar portas e janelas no caso de um evento de dimensão nuclear; e dicas de como se envolver na defesa da comunidade, incluindo alistar-se para unidades na reserva ou grupos de bombeiros.
Uma das recomendações de Paris é montar um “kit de sobrevivência” que inclua pelo menos seis litros de água engarrafada, medicamentos, lanterna com pilhas, alimentos não perecíveis, fotocópias de documentos, carregadores para telemóveis, dinheiro vivo e ferramentas como um canivete suíço.
Segundo o JN, apesar de o Governo francês negar uma relação entre o documento e a Rússia, o presidente Emmanuel Macron disse, no início do mês, que Moscovo “tornou-se uma ameaça à França e à Europa”.
“Quem pode acreditar que a Rússia de hoje vai parar à Ucrânia?”, questionou o líder do Eliseu, sem mostrar provas concretas.
Num contexto em que os Estados Unidos de Donald Trump distancia-se da Europa e aproxima-se do Kremlin, Macron voltou a argumentar, na terça-feira, pelo armamento do Velho Continente. “O nosso país e o nosso continente devem continuar a defender-se, a equipar-se e a preparar-se se queremos evitar a guerra. Ninguém pode dizer o que vai acontecer nos próximos meses ou anos. O que eu quero é que estejamos prontos. O que eu quero é que sejamos protegidos”, discursou.
EXEMPLO SUECO
O JN lembra que no último ano, o Governo sueco distribuiu panfletos para milhões de pessoas e republicou um manual com o nome ‘Em caso de crise ou guerra’. O novo livro, com 32 páginas, contém informações em como lidar com cenários como guerra, desastres naturais e ataques cibernéticos ou terroristas.
Sem mencionar a Rússia ou a Ucrânia, Estocolmo alerta que “os níveis de ameaça militar estão a aumentar”. “Devemos estar preparados para o pior cenário: um ataque armado à Suécia”, avisa a publicação.
Outros países emitiram também recomendações aos seus cidadãos, como a Noruega, a Dinamarca, a Finlândia e a Polónia, que planeia distribuir os manuais esta Primavera. O documento, em polaco e ucraniano, chegará nas mãos também dos cerca de 900 mil refugiados ucranianos no país.