O presidente CES – Conselho Económico e Social, considerou que Portugal enfrenta “um problema demográfico seríssimo” e alertou ainda para outro “problema sério”: o fraco crescimento da economia portuguesa que “não pode ser ignorado”.
Falando sobre a ‘Situação Económica Portuguesa e Europeia’ a uma centena de empresários minhotos que participaram no almoço-debate promovido pela ACIB – Associação Comercial e Industrial de Barcelos, Francisco Assis alertou para os problemas de demografia, do crescimento da economia e de rendimentos e baixa produtividade em Portugal, que ainda “tem um Estado Social por reformar”.
Assis salientou que o país tem “dois problemas essenciais” que estão interligados: um que tem que ver com o crescimento da economia e outro com os rendimentos que são baixos.
Apontou o fraco crescimento agregado da economia nacional desde a adesão ao Euro, como “um problema sério”. Portugal, cresceu, desde a entrada na União Europeia, em 1986, 11%, o que é praticamente, uma estagnação, quando a Espanha, por exemplo, atingiu os 28%.
Referiu ainda que a União Europeia cresceu 30%, “longe” dos países do Leste, em que alguns deles cresceram acima dos 100%.
“Portanto, há aqui um problema sério com o crescimento da economia portuguesa que não pode ser ignorado”, frisou.
GANHAR ESCALA
Acrescentou ainda, que a evolução da produtividade em Portugal “tem sido muito lenta”.
“Este é um drama também com que nos confrontamos e é uma questão que suscita inquietação, porque não há nenhuma resposta clara”. Referiu ainda que “precisamos da modernização do nosso tecido produtivo” e para isso “o associativismo empresarial pode e deve ter aqui um papel muito importante, porque, por vezes, há falta de escala das empresas portuguesas”.
“As pequenas e médias empresas necessitam de se associar para ganhar escala, indo de encontro, ao que a ACIB defende à décadas”, afirmou.
Reconheceu, no entanto, que o país fez “grandes investimentos com sucesso em áreas essenciais”. Exemplo disso mesmo é o investimento feito na qualificação das pessoas. Contudo, deu nota que Portugal forma “pessoas com altas qualificações que não entram no mercado nacional de trabalho, pois Portugal não tem condições de responder às expectativas desenvolvidas por essas pessoas, que encontram noutros mercados e noutros países onde lhes pagam bastante melhor”.
No que diz respeito aos rendimentos, o presidente do CES considerou que uma parte da solução para este problema vai resultar do crescimento económico que seja acompanhado de uma distribuição justa desse mesmo crescimento económico. Outra parte terá que ser por parte das empresas dos sectores que podem pagar melhor. O próprio Estado, salientou, “terá que pagar melhor no início das carreiras”.
“Há uma diferença muito grande entre o inicio e o fim da carreira que em Portugal é excessiva e que tem de ser resolvida”, acrescentou.
Francisco Assis defendeu uma “reforma profunda ao nível da gestão do Estado Social, num quadro de envelhecimento populacional, realidade que tem de ser encarada com uma ‘vantagem’ e um ‘avanço’ e não como um ‘problema’”.
Segundo o Francisco Assis, o Estado Social português “continua a funcionar” e “a prova disso são os apoios à natalidade, como as creches gratuitas, que, espera, agora deverá ser estendido aos utentes do sector privado”.
FÓRUM PERMANENTE
Assis iniciou um ciclo de conferencias de âmbito regional, que pretende ser, segundo João Albuquerque, “um fórum permanente, regular que permita um encontro e informação”.
“Estas conferências são um ponto de inflexão na ausência de um local de encontro empresarial onde o conhecimento e o networking vão confluir”, explicou o presidente da ACIB.
Frisando que “já não se pode pensar no futuro sem pontos de encontro que ajudem à reflexão, à cooperação e ao fomento do conhecimento”, João Albuquerque afirmou que este ciclo de conferências “pretende ser um contributo para a afirmação do tecido empresarial da região, com peso significativo no PIB e nas exportações portuguesas”.
Fernando Gualtieri (CP 7889)