A passagem do furacão Lorenzo pelo arquipélago dos Açores provocou a destruição do porto das Lajes das Flores. Em declarações ao Açoriano Oriental, o capitão do Porto de Santa Cruz das Flores, Rafael da Silva, explicou que “o molhe do porto ficou destruído e há uma série de edifícios que estão destruídos”.
Existem também embarcações e contentores que não resistiram à força do mar, assim como quatro embarcações de pesca, a lancha de passageiros da Atlânticoline e a própria lancha da Autoridade Marítima, que “por incrível que possa parecer foi a que menos sofreu”.
A destruição do único porto comercial da ilha das Flores é, até agora, o maior dano material provocado pela passagem do Lorenzo pelos Açores. Rafael da Silva afirma que agora é hora de “avaliar o que se pode aproveitar e enfrentar o problema logístico que se irá colocar às ilhas do Grupo Ocidental e para isso a Autoridade Marítima está disponível para colaborar com todas as entidades”. A Autoridade Marítima está a avaliar eventuais estragos que possam ter acontecido no cais das Poças.
A destruição no porto das Lajes “põe em causa aspectos fundamentais, como o abastecimento à ilha das Flores”, disse esta quarta-feira de manhã o presidente do Governo Regional dos Açores, citado pelo jornal Açores 24.
Perante o cenário de destruição que o furacão Lourenzo deixou no porto das Lajes, Vasco Cordeiro afirmou à SIC Notícias que “não é uma visão agradável”, mas também sente a vontade de fazer o que “os açorianos fazem há quase seis séculos”, que é reconstruir o que o mar destrói.
Já numa nota divulgada pelo Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro destacou o facto de a passagem do furacão Lorenzo pelo arquipélago, na madrugada e manhã desta quarta-feira, não ter provocado vítimas.
O presidente do executivo regional, que acompanhou a passagem do furacão na ilha das Flores, ressalvou, contudo, que “há muito trabalho” e que “há danos que se afiguram elevadíssimos”, além de situações de desalojados, nomeadamente nas Flores e no Faial.
A secretária regional da Saúde dos Açores, que tutela a Protecção Civil, Teresa Machado Luciano, disse ao início da tarde desta quarta-feira aos jornalistas que o furacão Lorenzo provocou mais de 170 ocorrências e obrigou ao realojamento de mais de 50 pessoas.
“Em termos de ocorrências, 171, sendo que temos 66 no Faial, 23 nas Flores, 28 no Pico, 21 em São Jorge, oito na Graciosa, 20 na Terceira, duas em São Miguel e três no Corvo”, referiu Teresa Machado Luciano.
Segundo a governante, foi necessário realojar 53 pessoas em três ilhas: “quatro em São Jorge, 42 no Faial e 7 nas Flores”.
O grupo ocidental do arquipélago (Flores e Corvo), devido à sua localização geográfica, tradicionalmente é o mais afectado dos Açores por fenómenos naturais como tempestades tropicais ou furacões. O furacão Lorenzo passou esta madrugada, entre as 04h00 e as 04h30, a cerca de 70 quilómetros a oeste das Flores ainda com categoria 2 na escala de Saffir-Simpson, mas no limite inferior, segundo uma nota do IPMA.
As rajadas máximas registadas pelo IPMA ocorreram às 08h25 locais no Corvo (aeroporto), com 163 km/h, às 05h00 nas Flores (aeroporto), com 142 km/hora, e às 04h:00 no Faial (Horta), com 145 km/h.
Redacção com DN
Fotos de André Palma