O presidente da Iniciativa Liberal (IL) acusou este domingo o Governo de estar focado apenas em assegurar a sua sobrevivência e não em resolver os problemas do país e avisou que não viabilizará o OE2025 se for “mais do mesmo”.
“Quando vemos a questão do passe ferroviário por 20 euros sem melhorar e reestruturar e reformar a ferrovia isso é obviamente eleitoralismo puro e duro e, portanto, o Governo, neste momento, está focado apenas, não em resolver os problemas do país, mas em assegurar a sua sobrevivência”, afirmou Rui Rocha.
O político de Braga da IL falava aos jornalistas, em Vila do Conde, no distrito do Porto, no arranque da 4ª edição do DestraAve Liberal, um evento anual organizado pelo partido.
O liberal considera que há um ambiente de pré-campanha eleitoral promovido pelo Governo que se afasta da visão reformista do Estado que o partido defende, classificando de “eleitoralismo” as medidas anunciadas nas últimas semanas pelo Governo liderado pelo social-democrata Luís Montenegro.
“Quando nós vemos entregar valorizações pontuais para determinados grupos da população não pensando estruturalmente, por exemplo na questão da reforma da segurança social, isso é eleitoralismo puro e duro”, considerou.
Para o presidente da IL, o sucesso das negociações para o Orçamento do Estado (OE) para 2025 depende do Governo, a quem avisa que não viabilizará um documento que deixe de fora questões estruturais como a reforma do Estado ou redução de impostos.
“A Iniciativa Liberal, ao contrário de outros que nem conhecem o documento e já pronunciaram o seu sentido de voto, vai avaliar o documento, vai contribuir e vai ser exigente. Depois se aquilo que estiver no documento final for mais do mesmo, se olharmos para aquele orçamento e dissermos isto tanto podia ser apresentado pelo PSD como pelo PS, a despesa continua a crescer, a reforma do Estado não se faz, a saúde continua igual, os impostos não se reduzem de forma significativa para todos, aí tomaremos uma posição que não será seguramente viabilização”, declarou.
O presidente do PSD, Luís Montenegro, encerra este domingo a ‘rentrée’ política do partido em Castelo de Vide (Portalegre), no final de uma semana em que o Orçamento do Estado para 2025 esteve no centro da agenda mediática.
Na quinta-feira, Luís Montenegro, então na qualidade de primeiro-ministro, manifestou-se admirado com a “agitação” em torno da proposta orçamental para o próximo ano, apelando oposição para ter calma, e recordou que estão marcadas novas reuniões com todos os partidos para Setembro.
“Fico admirado de ver tanta agitação à volta dessa matéria. É preciso ter calma e cumprir o que está combinado”, afirmou, à data, o chefe do Governo, em declarações aos jornalistas.
Sobre as críticas de eleitoralismo da oposição a medidas do Governo como o suplemento extraordinário que vai ser pago a pensionistas, Montenegro remeteu “considerações mais partidárias” para hoje, numa intervenção na qualidade de presidente do PSD ao final da manhã.
“Não deixarei de dar algumas respostas a várias distracções [da oposição] que tenho registado nos últimos dias”, prometeu.
Na sexta-feira, o PS avisou que não aprovará um “orçamento de direita” e queixou-se de não ter ainda informação suficiente para iniciar as negociações do documento.