A greve dos enfermeiros do Hospital de Braga desta terça-feira tem uma adesão e 58%, segundo o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses. Na próxima sexta-feira, os profissionais de enfermagem voltam a paralisar em protesto contra as políticas salarias que, alegam, os estão a prejudicar em “mais de 200 euros” por mês.
“Há questões que são transversais a todas as instituições do país, como o não-pagamento de retroactivos a 2018, e outras que apenas acontecem no Hospital de Braga”, disse a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) Guadalupe Simões, no decorrer de uma concentração à porta daquela unidade.
Segundo Guadalupe Simões, uma das questões específicas do Hospital de Braga é a “injusta e inaceitável” contabilização dos pontos para a progressão salarial.
“Por imposição da administração, há aqui 150 enfermeiros que tiveram de trabalhar 10 anos para terem um aumento de oito euros. Ou seja, gastaram 10 pontos para ter uma valorização salarial de oito euros”, referiu.
A dirigente sindical aludiu ainda aos enfermeiros que foram admitidos com contratos a termo incerto e que, no final de um ano e meio, fizeram um contrato definitivo, um contrato individual de trabalho por tempo indeterminado.
“As orientações do Ministério da Saúde apontam para que o tempo em vínculo precário, em situações como esta, seja contabilizado, mas esta administração teima em não querer considerar esse tempo”, acrescentou.
Guadalupe Simões referiu-se ainda aos enfermeiros que entre 2004 e 2021 foram promovidos a categorias superiores, como especialista ou chefe, e que, por não serem contabilizados pontos para trás, “ficam atrás em termos de salário de colegas mais jovens que ingressaram na carreira em 2004 e que nem sequer fizeram qualquer formação especializada”.
“Portanto, há uma injustiça em termos de posicionamento relativo entre os enfermeiros”, referiu, adiantado que a adesão à greve é de 58%.
A administração do Hospital de Braga, contactada pela Lusa, disse, em comunicado, que se tem reunido “regularmente” com os representantes do SEP, “auscultando as suas preocupações e reivindicações e procurando, como é sua preocupação permanente, cooperar no sentido de serem alcançadas as melhores soluções que, consequentemente, contribuam para a melhoria da qualidade dos serviços prestados” aos utentes.
“Adicionalmente, lamenta os transtornos causados com a realização da greve e apela à compreensão dos utentes”, remata o comunicado.