A greve dos funcionários judiciais já provocou o adiamento de 2.994 diligências e julgamentos nos tribunais e serviços do Ministério Público na comarca de Braga. Em Viana do Castelo o número fica pelos 365 adiamentos.
A greve dos funcionários judiciais já provocou o adiamento de mais de 21 mil diligências e julgamentos nos tribunais e serviços do Ministério Público (MP) desde o seu início em 15 de Fevereiro. Destes 3.359 referem-se às comarcas do Minho e Alto Minho.
Um levantamento feito pela Lusa junto das 23 comarcas existentes em Portugal mostra que o número de julgamentos e diligências que tiveram de ser adiados devido à acção de luta do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) ascende a 21.370, com destaque para a comarca do Porto, onde foi registado o adiamento de 4.184 diligências entre 15 de Fevereiro e 17 de Março, cerca de 20% do total nacional.
Logo a seguir surge a comarca vizinha de Porto Este, na qual foi reportada uma estimativa de 3.000 adiamentos durante o primeiro mês de greve, em que o SFJ reivindica como prioridade imediata a questão da integração do suplemento processual no vencimento, além das matérias relacionadas com os concursos de acesso e formação, o descongelamento das carreiras, a tabela salarial e o problema do défice de funcionários.
O peso dos números da greve foi mais pronunciado no Norte, com a comarca de Braga a registar o adiamento de 2.994 julgamentos e diligências (2.396 da área judicial e 598 relativas ao MP) entre 15 de Fevereiro e 20 de Março.
Em Aveiro, a greve já adiou 1.572 diligências (entre 15 de Fevereiro e 10 de Março). Os efeitos da greve sentiram-se de forma mais evidente nas semanas de 27 de Fevereiro a 3 de Março (431 diligências adiadas) e de 6 a 10 de Março (412), mas o relatório semanal do impacto da greve nesta comarca refere ainda que foram adiadas 241 diligências entre 15 e 17 de Fevereiro, 263 na semana de 20 a 24 de Fevereiro e 225 entre 13 e 17 de Março.
Acima dos mil adiamentos desde o arranque da greve encontram-se também as comarcas de Lisboa, com 1.501, contabilizados até 12 de Março; Lisboa Oeste (Sintra, Cascais, Amadora, Oeiras e Mafra), que registou pelo menos 1.391 adiamentos (15 de Fevereiro a 17 de Março); e Viseu, cuja área geográfica abrange o território de 17 municípios, onde foram adiadas 1.013 diligências (tribunal judicial e MP), entre 15 de Fevereiro e 12 de Março, devido à greve aos actos processuais decretada pelo SFJ, entretanto prolongada por mais um mês (até 15 de Abril).
A comarca de Setúbal indicou o adiamento de 983 diligências até 17 de Março; Faro registou 890 adiamentos (15 de Fevereiro a 10 de Março); Santarém contabilizou pelo menos 694 entre 13 de Fevereiro (data em que apenas estava em vigor a greve ao período da tarde convocada pelo Sindicato dos Oficiais de Justiça, SOJ) e 14 de Março; e Leiria assinalou 421 entre 10 de Janeiro e 10 de Março, tendo sido a única a fornecer dados que abrangeram também a paralisação decretada pelo SOJ.
Seguem-se as comarcas da Madeira (375 e só da esfera judicial), Viana do Castelo (365, total indicado pelo SFJ entre 15 de Fevereiro e 13 de Março), Vila Real (352 de 17 de Fevereiro a 17 de Março), Lisboa Norte (336 julgamentos entre 15 de Fevereiro e 14 de Março), Castelo Branco (319 no período de 15 de Fevereiro a 18 de Março), Coimbra (297, divididos por 132 julgamentos e 165 outras diligências entre 15 de Fevereiro e 14 de Março), Açores (179 de 15 de Fevereiro a 10 de Março), Évora (173 entre 15 de Fevereiro e 15 de Março), Guarda (161, de 15 de Fevereiro a 17 de Março), Beja (81 até 14 de Março), Bragança (80, entre 15 de Fevereiro e 17 de Março) e, por fim, Portalegre (nove, entre 15 de Fevereiro e 20 de Março).
Além das variações das datas de contabilização transmitidas pelas comarcas, houve também diferenças assinaláveis no nível de detalhe e nas formas de registo, comunicação e entendimento pelos magistrados relativamente aos adiamentos. Várias reportaram unicamente o total de julgamentos/diligências adiados pela greve, enquanto outras indicaram totais semanais e algumas até estratificaram pelo tipo de actos afectados.
Os totais relatados pelas comarcas superam os números de adiamentos que tinham sido revelados pelo próprio SFJ na semana passada e que apontavam para cerca de 15 mil.