A greve desta sexta-feira dos trabalhadores da Fundação Inatel para exigir aumentos salariais está a registar uma adesão próxima dos 100% em Vila Nova de Cerveira, e é “elevada” em todo o país, disse fonte sindical.
“Dos 25 trabalhadores do hotel em Vila Nova de Cerveira, apenas dois estão a trabalhar. O piquete de greve já teve de intervir porque havia duas trabalhadoras contratadas ilegalmente, já depois de emitido o pré-aviso de greve, que a empresa teve de retirar das instalações. A nível nacional, ainda não temos números, mas a informação é de que a adesão também é elevada”, disse Francisco Figueiredo, da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT).
Em declarações à agência Lusa, à margem de uma concentração de trabalhadores em greve à porta do hotel da Inatel de Vila Nova de Cerveira, o dirigente sindical adiantou que esta paralisação é “resposta à falta de sensibilidade social da administração da Fundação Inatel e do não cumprimento do Acordo de Empresa”.
“Em 2018, a administração assinou um Acordo de Empresa que não está a cumprir no que diz respeito ao subsídio de turno e nocturno e à redução do horário de trabalho para as 35 horas. Para além disso, ficaram acordados aumentos salariais em 2019, que não foram dados, o mesmo aconteceu em 2020 e, em 2021, também não quer dar”, referiu.
Para Francisco Figueiredo, esta é uma “situação inaceitável” porque a administração gasta dinheiro público ao desbarato”. “Tem dinheiro para tudo, até para vaidades da administração. Só não tem para os trabalhadores que estão indignados e desmotivados com a administração, que não os tem valorizado”, disse.
De acordo com Francisco Figueiredo, há pessoas “que trabalham há mais de 20 anos na Fundação Inatel e recebem o salário mínimo nacional”.
“Já chamámos a atenção da ministra do Trabalho, que tutela a Fundação Inatel, porque o Governo não pode sacudir a água do capote. O Governo vê que a administração não aumenta os salários, não respeita os direitos, conhece a situação e nada faz. É necessário que a senhora ministra do Trabalho ponha ordem na casa”, frisou.
Francisco Figueiredo disse ainda que “o hotel do Inatel de Vila Nova de Cerveira regista uma taxa de ocupação de cerca de 96 a 97%”.
“A administração já disse que está com uma ocupação superior a 2019. Então se está com taxas de ocupação superiores ao período anterior à pandemia de Covid-19 não dá aumentos salariais aos trabalhadores, o mínimo que fosse? Não é justo”, referiu.
Após esta acção de luta, “a FESAHT irá enviar, na próxima semana, um pedido de reunião com a administração da Inatel para que sejam retomadas as negociações para tentar ultrapassar o conflito”.
A Lusa tentou contactou a administração da Fundação Inatel, mas ainda sem sucesso.