No dia em que se assinalam três anos desde o início da invasão russa, a Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou esta segunda-feira uma resolução não vinculativa que exige o fim das hostilidades, ao mesmo tempo que reafirma a soberania, independência, unidade e integridade territorial ucraniana. Uma outra moção apresentada pelos Estados Unidos, em que se pede o fim imediato do conflito, também foi aprovada.
A dissonância crescente entre antigos parceiros europeus e norte-americanos no que diz respeito à guerra na Ucrânia chegou esta segunda-feira à Assembleia Geral das Nações Unidas e deverá chegar ainda esta segunda-feira ao Conselho de Segurança.
Uma das moções aprovada em Assembleia Geral esta segunda-feira, elaborada por países europeus e pela Ucrânia, exige que a Rússia retire “imediata, completa e incondicionalmente” todas as suas forças militares na Ucrânia.
Este texto foi aprovado com 93 votos a favor, tendo ainda recebido 65 abstenções e 18 votos contra, incluindo por parte dos Estados Unidos.
Os norte-americanos também submeteram a votação a sua própria resolução sobre o fim da guerra na Ucrânia, apelando a uma paz duradoura entre Moscovo e Kiev e um fim rápido para o conflito.
Também neste caso, 93 países votaram a favor, 73 abstiveram-se e oito votaram contra.
Nesta segunda resolução, os próprios Estados Unidos abstiveram-se na votação da moção que apresentaram, uma vez que foram feitas algumas emendas à mesma, desde logo com referências à invasão da Ucrânia pela Rússia e à soberania, independência, unidade e integridade territorial do país.
EUA AMEAÇA VETAR
A contenda entre aliados prossegue para outros palcos na sede da ONU em Nova Iorque, mais precisamente no Conselho de Segurança.
No terceiro aniversário da guerra na Ucrânia, Washington já fez saber que irá vetar qualquer emenda que seja apresentada à sua resolução que apela ao fim da guerra entre Rússia e Ucrânia.
A resolução norte-americana pede um “fim rápido” para o conflito, mas não faz qualquer menção à integridade territorial da Ucrânia ou à invasão russa.
“Vetaremos uma emenda russa se nos for apresentada no Conselho de Segurança. Vetaremos as emendas europeias se forem apresentadas ao Conselho de Segurança”, indicou o funcionário do Departamento de Estado aos jornalistas sob condição de anonimato citado pela agência France Presse.
O texto norte-americano “insta a que o conflito termine o mais rapidamente possível e pede uma paz duradoura” entre Kiev e Moscovo.
Quatro países da União Europeia e o Reino Unido pretendem apresentar emendas a este texto dos Estados Unidos com referências claras ao país agressor e agredido, insistindo na integridade territorial deste último.
Vassili Nebenzia, embaixador russo junto das Nações Unidas, considerou que esta resolução norte-americana é “boa”, embora acredite que deva também incluir menções às “causas” da guerra.
CONTAR VOTOS
Para ser adoptada, uma resolução do Conselho de Segurança necessita dos votos de pelo menos nove dos 15 membros do deste órgão e não pode ser vetada por nenhum dos cinco membros permanentes (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China).
Neste momento, para além da França e Reino Unido, outros três países europeus integram o Conselho de Segurança como membros não-permanentes: Dinamarca, Eslovénia e Grécia.
Mesmo que todos os países europeus se abstenham, a resolução poderá ser aprovada. Por outro lado, poderá também ter lugar o primeiro veto apresentado por França ou Reino Unido no Conselho de Segurança em mais de 30 anos.
“Não vejo como é que Paris e Londres podem apoiar um texto que está tão longe das suas posições declaradas sobre a Ucrânia, mas também não vejo como podem vetá-lo”, considerou Richard Gowan, do International Crisis Group, em declarações à agência France Presse.
Com RTP