Guimarães é um dos seis municípios portugueses vão calcular a sua pegada ecológica num “projecto inovador a nível mundial”, promovido pela Zero e que conta com a participação de universidades, informou este sábado a associação ambientalista.
Os seis municípios – Guimarães, Bragança, Almada, Castelo Branco, Lagoa e Vila Nova de Gaia – participam num projecto que tem a duração de três anos e que procura no final ter calculada a pegada ecológica de cada um dos concelhos, bem como a sua biocapacidade (capacidade do ecossistema em produzir os recursos consumidos), disse à agência Lusa o dirigente da Zero Paulo Magalhães.
O projecto vai utilizar o instrumento de cálculo da pegada ecológica de cidades e regiões da Global Footprint Network, contando com a colaboração da Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas (GOVCOOP) da Universidade de Aveiro, a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e a Faculdade de Direito da Universidade do Porto.
A iniciativa, que vai ter uma sessão de apresentação na terça-feira, em Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), arranca em 2018 e permite que um município calcule a sua capacidade de produção de recursos, mas também aquilo que consome, sublinhou Paulo Magalhães.
Nesse sentido, no final do projecto, são apresentadas propostas de realocação de verbas do Orçamento do Estado pelos diferentes municípios, tendo em conta a sua contribuição para a capacidade nacional e o seu peso na pegada ecológica do país, frisou, acrescentando que também estarão disponíveis calculadoras nos ‘sites’ das câmaras municipais para qualquer munícipe avaliar a sua própria pegada.
“Ao ser medido localmente, conseguimos dizer que uma CIM [Comunidade Intermunicipal] ou um município contribui com 10% da biocapacidade nacional, mas que só consome 1% ou 2% dos recursos, por exemplo. Há aqui um crédito no contexto nacional que deveria ser compensado”, aclarou o membro da associação ambientalista.
Nesse sentido, se for calculada a pegada biológica e a biocapacidade de cada região ou município, pode-se olhar para o Orçamento do Estado ou para o Produto Interno Bruto de uma outra forma, valorizando “as infraestruturas ecológicas”, sublinhou.
Segundo Paulo Magalhães, “pensar num país diferente implica contas diferentes”.
A adesão ao projecto tem um custo – que se escusou a revelar -, tendo sido contactados entre 30 e 40 municípios.Qualquer autarquia ou CIM poderá aderir ao projecto, esclareceu.
De acordo com a Zero, o instrumento de cálculo da Global Footprint Network (GFN) já foi utilizado em quase 40 cidades de vários países desde 1996, incluindo cidades como Barcelona, Londres, Manila ou Xangai.
Segundo a Zero, em 2011, Portugal detinha a nona pegada ecológica mais elevada, entre 24 países do Mediterrâneo.
FG (CP 1200) com Sapo24