O município de Guimarães, sinalizou, entre Novembro de 2021 e Junho deste ano, 86 pessoas em situação de sem-abrigo, 73 homens e 13 mulheres, com vários níveis de escolaridade, de acordo com os resultados do projecto ‘Portas Abertas’, apresentados esta quarta-feira no Centro Cultural Vila Flor.
A grande maioria das pessoas sinalizadas em situação de sem-abrigo é portuguesa (70), mas existem também pessoas de outras nacionalidades é outra conclusão do estudo, coordenado pela câmara, em parceria com a delegação da Cruz Vermelha Portuguesa de Guimarães, a associação Sol do Ave e o Lar Sto. António.
Quanto à escolaridade, o ‘Portas Abertas’, que contou com uma dotação de 500 mil euros, identificou 25 pessoas em situação de sem-abrigo com o 2.º ou o 3.º ciclo do ensino básico concluídos, enquanto outras 25 pessoas finalizaram o ensino secundário e 11 dos 86 sem-abrigo têm curso superior.
“Não são só pessoas de baixa escolaridade [que foram encontradas em situação de sem-abrigo]. São pessoas que já tem algum grau de escolaridade significativo e isso é que é preocupante”, alertou a coordenadora do projeto, Elisabete Mendes.
A maioria das 86 pessoas sinalizadas no concelho de Guimarães situa-se na faixa etária entre os 45 e os 64 anos, mas Elisabete Mendes revela que, ao longo do projecto, verificou-se um aumento de pessoas em situação de sem-abrigo na faixa etária dos 18 aos 30 anos, o que, no seu entender, merece uma reflexão.
As dependências são a principal causa associada à condição de sem-abrigo em Guimarães, as quais se assinalam em metade das 86 pessoas sinalizadas, seguindo-se os contextos familiares e a saúde mental.
Segundo os dados apresentados esta quarta-feira, o projecto ‘Portas Abertas’ disponibilizou à população sem-abrigo serviços como alimentação, higiene, roupa e cabeleireiro, proporcionando igualmente diversas atividades, como a promoção das competências pessoais e sociais.
A prática desportiva e lazer, bem como atividades artesanais e performativas foram outras iniciativas proporcionadas.
Perante o “sucesso” do projecto, a vereadora com o pelouro da Acção Social da Câmara Municipal de Guimarães assumiu que o dia de hoje não significa o fim de um projecto, mas antes a “etapa final de um percurso”.
“Que urge dar continuidade. (…) Queremos um território justo, coeso e que integre todos. Não podemos ficar indiferentes à população sem-abrigo em Guimarães”, declarou Paula Oliveira, defendendo, nomeadamente, a criação de protocolos com a Segurança Social no sentido de dar continuidade a este trabalho em rede.