O secretário-geral da ONU, António Guterres, exigiu esta segunda-feira a Israel e à comunidade internacional que actuem de imediato perante os alarmantes níveis de fome generalizada em Gaza para “prevenir o impensável, inaceitável e injustificável”.
Guterres emitiu uma breve declaração à entrada do Conselho de Segurança após a divulgação do relatório da iniciativa mundial de Classificação Integrada da Fases de Segurança Alimentar (IPC), onde se alerta que 1,1 milhões de pessoas estão num nível de “insegurança alimentar catastrófica”, considerado o mais grave.
O secretário-geral sublinhou que este número, de acordo com este sistema de medição da ONU, é “o mais elevado registado em qualquer parte” em termos de nível catastrófico de fome, e acrescentou tratar-se de “um desastre provocado pela intervenção humana, e pode terminar”.
Os palestinianos de Gaza “sofrem níveis aterradores de fome e sofrimento”, insistiu Guterres, antes de voltar a apelar a um cessar-fogo e à entrada por via terrestre de ajuda humanitária.
“Apelo às autoridades israelitas que garantam um acesso completo e sem restrições aos bens humanitários em direcção a Gaza, e à comunidade internacional que apoie totalmente os nossos esforços humanitários”, insistiu Guterres.
O Conselho de Segurança da ONU tem sido incapaz de aprovar por unanimidade uma declaração de cessar-fogo, após os Estados Unidos terem vetado por três vezes as declarações nesse sentido, ao argumentarem que um fim das hostilidades permitiria o rearmamento e a reorganização do Hamas.
Os Estados Unidos fizeram circular um texto alternativo que prevê um cessar-fogo temporário e condicionado à entrega dos reféns pelo Hamas, mas o texto circula há um mês entre os Estados-membros do Conselho de Segurança sem obter consenso.