O presidente da Iniciativa Liberal anunciou este domingo que vai pedir a audição parlamentar do filho do Presidente da República Nuno Rebelo de Sousa sobre o caso das gémeas e espera que o PS não volte “a bloquear estes esclarecimentos”.
Em declarações à Lusa, Rui Rocha recordou que, esta semana, o PS travou os pedidos de audição dos antigos governantes Marta Temido e Lacerda Sales, “num caso que se arrasta há semanas e em que têm existido versões contraditórias”.
“Tendo em conta o que falta esclarecer e esta posição do PS que impede que pessoas que eventualmente terão conhecimento directo dos factos possam esclarecer os portugueses, a IL vê-se confrontada com a necessidade de apresentar um requerimento para ouvir na Comissão de Saúde o dr. Nuno Rebelo de Sousa”, afirmou.
Rui Rocha justificou que o filho de Marcelo Rebelo de Sousa tem sido citado como “tendo tido algum tipo de intervenção nesta matéria” e que há até notícias de que se terá reunido com o então secretário de Estado da Saúde Lacerda Sales.
“Face ao bloqueio do PS, é necessário chamar o dr. Nuno Rebelo de Sousa ao parlamento para que possa dizer se há algum envolvimento da sua parte e contribuir para esclarecer os portugueses nessa matéria”, disse.
Questionado sobre se não antevê um novo ‘chumbo’ a este pedido de audição, que terá apenas um carácter ordinário e não obrigatório, Rui Rocha disse esperar que tal não aconteça.
“Se houvesse uma tentativa de parar isto mais uma vez pelo PS, teríamos de interpretar que há aqui um interesse difícil de compreender em bloquear o esclarecimento dos portugueses”, afirmou.
O líder da IL admitiu que já existem diligências administrativas e na justiça a decorrer, mas defendeu que o Parlamento “está em funções e, perante uma situação que levanta tanto alarme social e tantas dúvidas, deve cumprir a sua missão até ao fim”.
De acordo com o Regimento da Assembleia da República, “as comissões parlamentares podem solicitar a participação nos seus trabalhos de quaisquer cidadãos”, embora apenas o possam fazer de forma potestativa (obrigatória) em relação a membros do Governo, dirigentes, trabalhadores e contratados da administração indirecta do Estado e do sector empresarial do Estado e membros de órgãos de entidades administrativas independentes.
Marcelo Rebelo de Sousa confirmou que o seu filho o contactou sobre a situação das gémeas luso-brasileiras que mais tarde vieram a receber o medicamento no Hospital de Santa Maria e defendeu que o tratamento que deu a este caso foi neutral e igual a tantos outros.
O assunto está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) e é objecto de uma auditoria interna no Hospital de Santa Maria.