O cidadão ucraniano de 42 anos, que apresentou queixa-crime contra vários agentes da PSP de Vila do Conde por agressão, perseguição e racismo, começou a ser julgado, na última quinta-feira, no Tribunal de Vila do Conde, em processo sumário, pelo crime de condução com excesso de álcool no sangue.
A sua advogada, Alexandra Cruz, de Barcelos, disse ao PressMinho/ O Vilaverdense que Valery Polosenko disse que estava parado quando foi abordado por uma patrulha da PSP, tendo, ainda, declarado que pediu para fazer a contra-prova do teste de álcool que lhe havia sido feito.
Já o agente que o deteve contrariou o seu depoimento, dizendo que o carro que guiava estava em andamento, e negando que tenha sido impedido de fazer a contra-prova.
O julgamento prossegue em Janeiro.
ÁLCOOL NO SANGUE
Há dias, o Comando Distrital do Porto disse, em comunicado, que o imigrante foi submetido ao teste de álcool, onde acusou uma Taxa de Álcool no Sangue de 2,56 gramas por litro.
Já a sua advogada Alexandra Cruz afirma que foi alvo de agressões no interior da esquadra, tendo ficado com dois dentes partidos e com escoriações na boca, no tórax e nos braços. As lesões foram confirmadas por uma perícia realizada ao imigrante no Instituto de Medicina Legal.
A jurista diz que a queixa incide sobre os dois agentes que o detiveram, na madrugada de seis de Dezembro, por condução com uma taxa ilegal de álcool e os restantes que estavam na Esquadra e a quem pediu ajuda: “tiraram-lhe a carteira e o telemóvel e impediram-no de ligar ao seu habitual advogado. E os restantes faziam de conta que não ouviam as súplicas do Valery”, afirma.
Alexandra Cruz diz que os polícias terão ainda usado expressões xenófobas, dizendo-lhe, por várias vezes: “Vai-te embora, ai prá tua terra, Ucra!.
PSP: FOI AGRESSIVO
Já a PSP explicou que o ucraniano, que tinha antecedentes por crime semelhante, “tentou sair da esquadra e reagiu de forma agressiva contra os polícias, quando foi impedido de o fazer”. Por isso, os agentes procederam à sua “restrição e algemagem”.
A Polícia acrescenta que “após notificação para comparência em Tribunal o cidadão saiu livremente da esquadra, tendo prescindido de contacto com familiares e defensor, bem como de observação médica”.
No dia seguinte, Valery Polosenko, que reside e trabalha em Vila do Conde, foi a uma esquadra da Póvoa de Varzim apresentar queixa – diz, ainda, aquele Comando – por uso “excessivo da força”. Foi, por isso, elaborado o respectivo auto, o qual foi enviado à autoridade judicial. O Comando portuense abriu, também, um inquérito interno. O MAI- Ministério da Administração Interna também mandou abrir um inquérito ao caso.
A este propósito, a advogada do queixoso diz que é, no mínimo, “estranho” que os agentes que elaboraram o auto por condução com álcool, nada tenham escrito sobre a suposta “agressividade” do ucraniano, só o vindo a fazer, através de um aditamento anexado aos autos já no dia 8, após a sua queixa-crime.
Luís Moreira (CP 7839 A)