Depois de Pedro Nunos Santos ter respondido a Luís Montengro sobre a operação policial no Martim Moniz, em Lisboa, também o Bloco de Esquerda e do PCP tomaram posição.
Enquanto o líder do PS acusa Governo de “inventar problemas” em vez de resolver os reais, Fabian Figueiredo acusa o primeiro-ministro de ser “incendiário” e Paulo Raimundo diz que Montenegro está de “consciência pesada”.
FABIAN FIGUEIREDO (BE)
O líder parlamentar do BE acusou esta sexta-feira Luís Montenegro de ser um primeiro-ministro incendiário e pediu-lhe para deixar de instrumentalizar os polícias para uma “disputa eleitoral com a extrema-direita”.
“Temos um primeiro-ministro incendiário e que arrasta para a sua campanha de disputa com o Chega a Polícia de Segurança Pública”, acusou Fabian Figueiredo, em conferência de imprensa na sede nacional do BE, em Lisboa.
Acusando o Governo de ter lançado “uma caça aos imigrantes”, Fabian Figueiredo afirmou que Luís Montenegro perdeu hoje “uma excelente oportunidade para pedir desculpa ao país”.
Fabian Figueiredo considerou normal que a polícia realize investigações e faça detenções, afirmando que é essa “a sua função”.
“O que é novo é termos um primeiro-ministro que se substitui ao director nacional da PSP ou que se substitui à secretária-geral do Sistema de Segurança Interna e que faz discursos inflamados sobre problemas de insegurança que não existem”, criticou.
O líder da bancada bloquista recordou que o partido já deu entrada de um requerimento para ouvir no parlamento com urgência o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, para esclarecer as alegadas suspeitas sobre a utilização das forças de segurança pelo poder político, bem como para ouvir a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, e a direcção nacional da PSP.
PAULO RAIMUNDO (PCP
O secretário-geral do PCP considera que o primeiro-ministro está com a “consciência pesada” sobre a operação policial no Martim Moniz e pediu a promoção do policiamento de proximidade em vez de acções para “dar nas vistas”.
Após um almoço com pensionistas numa associação de reformados em Setúbal, Paulo Raimundo afirmou, em declarações aos jornalistas, que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, “deve estar com a consciência pesada” relativamente à operação policial no Martim Moniz, em Lisboa, caso contrário, acrescentou, “não falava tantas vezes sobre o assunto”.
O dirigente comunista alegou que o primeiro-ministro confunde “segurança com operação policial”, ao mesmo tempo que não apresenta soluções para as “razões fundas da instabilidade e da insegurança”, como a pobreza e os baixos rendimentos.
“Já agora, se o senhor primeiro-ministro quer resolver estes problemas de injustiça utilizando as forças de segurança, então mande investigar, por exemplo, a privatização da ANA, esse escândalo, esse crime económico. Isso sim é um verdadeiro caso de polícia que precisa de ser investigado”, atirou ainda no mesmo discurso.
Raimundo defendeu que o país precisa de esquadras nos bairros e melhor relacionamento entre a polícia e as comunidades e não “super-esquadras para fazer operações super-especiais para dar nas vistas”.