O segundo comandante operacional Distrital de Viana do Castelo disse esta segunda-feira à tarde que o incêndio que lavra desde sábado no Lindoso, em Ponte da Barca, ainda está activo por ter muitas reactivações e pela “dificuldade de progressão dos meios no terreno” e progride em direcção à Mato de Cabril.
“O fogo ainda está activo porque temos muitas reactivações. É um terreno muito difícil para a progressão dos meios apeados progredir e para a consolidação do perímetro do fogo. Por isso, cautelosamente, não queremos dá-lo como dominado. Quando conseguirmos segurar as reactivações, aí sim podemos mudar o estado do fogo”, explicou Paulo Barreiro.
Num ponto de situação feito à agência Lusa cerca das 18h00, o segundo comandante de Viana do Castelo adiantou que “a frente activa está a progredir lentamente para uma zona crítica, o rio Cabril, junto à Mata de Cabril, classificada como Área de Protecção Integral, inserida no Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG).
“Ainda não entrou e é isso que não queremos. Estamos a fazer todos os esforços para que isso não aconteça”, reforçou, destacando o trabalho “extraordinário” dos operacionais que se encontram no terreno, desde os corpos de bombeiros, força especial da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR, às equipas do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas e aos sapadores florestais”.
“O trabalho de combate a este fogo característico de montanha ainda vai ser muito demorado, árduo, com recurso a equipas apeados, com ferramentas manuais e suporte dos meios aéreos que se vai prolongar-se no tempo. Para o fogo ser completamente debelado, precisávamos da ajuda das condições meteorológicas, com entrada de alguma humidade que permitisse consolidar o rescaldo”, realçou.
Esta segunda-feira os meios aéreos começaram a operar a partir das 10h30 por causa do nevoeiro que se fazia sentir, sendo que ao longo do dia chegaram a estar empenhadas oito aeronaves.
Cerca das 19h00, e de acordo com a página oficial da ANEPC na Internet, estavam mobilizados seis meios aéreos, 277 operacionais e 79 viaturas.
O fogo deflagrou cerca das 05h00 de sábado, na Galiza.
No domingo, o secretário de Estado da Conservação da Natureza revelou que o incêndio já tinha consumido cerca de 200 hectares, e que os principais esforços de protecção se centram na Mata do Cabril.
“Estamos a fazer tudo para que não chegue à zona de protecção total que é a Mata do Cabril. Aí, sim, temos enormes valores ambientais. É o ‘ex-libris’ daquele parque nacional, que é o único que temos”, disse no domingo o responsável, em declarações à agência Lusa.
Do lado espanhol, dados da Junta da Galiza apontam para 400 hectares ardidos.
No combate às chamas em Lindoso, no sábado, um piloto português morreu e um piloto espanhol ficou gravemente ferido quando o avião Canadair português em que seguiam se despenhou em território espanhol, a cerca de dois quilómetros da fronteira.
O copiloto do avião está “estável e fora de perigo”, segundo fonte do hospital de Braga.