A classe política portuguesa, com a excepção do PCP, condenou esta quinta-feira a ofensiva militar russa contra a Ucrânia, apelando à imposição de sanções e equacionando a mobilização de militares portugueses no quadro da NATO como forma de dissuasão.
PS. Retirada imediata das forças militares russas
O PS condena a acção militar da Rússia contra a Ucrânia e apelou a uma retirada imediata das suas forças de território ucraniano e o fim do reconhecimento russo das regiões de Donetsk e Lugansk.
Em comunicado, o PS “condena veementemente toda e qualquer violação do direito internacional” e “considera que no século XXI a solução para qualquer visão alternativa ou desentendimento deve ser sempre a via diplomática”.
Neste contexto, os socialistas portugueses condenam “fortemente o ataque militar da Rússia contra a Ucrânia” e apelam a uma “retirada imediata das forças militares russas da Ucrânia”.
“O respeito pelo direito internacional deve ser a bitola quanto ao reconhecimento de novos países pelo que solicita à Rússia que reverta seu reconhecimento unilateral das regiões de Donetsk e Lugansk da Ucrânia”, refere-se no comunicado.
O PS defende depois que “só o quadro do direito internacional, dos acordos internacionais anteriormente estabelecidos, a retoma imediata do caminho da diplomacia e das resoluções pacíficas podem ser o caminho para o futuro pacífico e próspero de toda a região”.
“Temos que acreditar no quadro dos valores do século XXI que as soluções pacíficas e diplomáticas são aquelas que melhor defendem as pessoas e a prosperidade e crescimento dos países”, sustenta o PS.
“O apoio às populações afectadas é urgente e todo o apoio lhes deve ser urgentemente facultado. Continuaremos a lutar por uma posição clara e consistente a nível da UE, bem como por sanções com repercussões económicas para os responsáveis por esta agressão”, acrescenta-se.
PSD. “Fortes punições”
O presidente do PSD classifica a acção militar da Rússia na Ucrânia como “ilegal, desnecessária e inaceitável”, defendendo que deve acarretar “fortes punições”.
Numa publicação na rede social Twitter, o líder do maior partido da oposição em Portugal classificou o dia de hoje como “um dos dias mais tristes do pós-Guerra Fria”.
“Apesar de lhe ter sido oferecida a paz, a Rússia optou pela guerra. A decisão de invadir a Ucrânia é ilegal, desnecessária e inaceitável. E, com o mundo a ver, é preciso deixar claro que estas acções acarretam fortes punições”, defendeu.
CHEGA. “Duras sanções económicas” à Rússia
O Chega condenou “veementemente” a ofensiva militar russa contra a Ucrânia, manifestando solidariedade com o povo ucraniano e considerando que o Kremlin deve ser alvo de “condenações públicas e políticas” e de “duras sanções económicas”.
Em comunicado, a Direcção Nacional do Chega afirma que “a soberania de um país é um dos pilares fundamentais do ADN europeu e a invasão que está em curso é um atentado a este princípio. O Chega mostra-se solidário com o povo ucraniano que enfrenta, neste momento, um dos momentos mais difíceis da sua existência enquanto nação independente”.
Segundo o partido, “a posição assumida pela Rússia deve ser alvo, não só das mais severas condenações públicas e políticas, como também de duras sanções económicas”.
O Chega apela a que “todos os Estados-membros da UE se mantenham firmes e unidos na condenação a este acto vil, que coloca em causa a estabilidade social, económica e política internacional”.
“O Chega espera que Portugal e os restantes países da União Europeia saibam responder à crise humanitária que, infelizmente, poderá advir desta invasão”, frisa.
BE. Erro reforçar NATO
A coordenadora do BE condena veemente a invasão da Rússia à Ucrânia, mas considera um erro reforçar as forças da NATO por provocar escalada de guerra, defendendo o ataque à “oligarquia russa onde dói”, com sanções económicas fortes.
“A invasão da Rússia à Ucrânia é algo que nada pode justificar. Está em causa algo que é gravíssimo e que deve ser assim encarado. Há um país soberano que está a ser invadido à margem de qualquer lei internacional e isto merece a mais veemente condenação e merece acção”, diz Catarina Martins
Na opinião de Catarina Martins, “uma escalada de guerra não vai proteger o povo ucraniano nem vai proteger a Europa”, considerando por isso o BE “que o reforço das forças da NATO é um erro porque vai provocar escalada e não dissuadir”.
“O que achamos que é fundamental neste momento é uma acção muito forte do ponto de vista económico, com sanções muito eficazes contra os oligarcas russos porque é assim que se pode obrigar à Rússia a voltar à via diplomática. Portugal deve apoiar as sanções fortes no seio da União Europeia contra os oligarcas russos, deve fazê-lo também em Portugal”, defendeu.
“O mais eficaz é atacar a oligarquia russa onde dói e é do ponto de vista económico. Isso deve ser feito do ponto de vista europeu, deve ser também feito a nível nacional”, apelou.
PCP. Não envolvimento de militares portugueses
O PCP considera que a “guerra não é solução” para a resolução da situação entre a Ucrânia e a Rússia e exortou o Governo a contrariar a “escalada de confrontação política” impedindo o envolvimento de militares portugueses.
“A guerra não é solução seja para que problema for e é preciso fazer esforços para a evitar”, sustentou o líder parlamentar comunista, João Oliveira, durante um debate da comissão permanente da Assembleia da República, com a participação do ministro dos Negócios Estrangeiros, sobre a invasão da Rússia à Ucrânia.
O PCP foi o único partido até agora a recusar condenar o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, pela invasão ao território ucraniano e João Oliveira referiu que é “evidente que a situação que se vive na Ucrânia não é um problema entre russos e ucranianos, nem apenas uma disputa por território ou demarcação de fronteiras”.
“O problema é mais profundo, mais amplo e ultrapassa em muito o leste europeu”, completou, apontando o dedo aos Estados Unidos da América (EUA), “os verdadeiros interessados numa nova guerra na Europa” e que estão “dispostos a sacrificar até ao último ucraniano ou europeu para a promover”.
PAN. Repudia “fortemente” ofensiva russa
O PAN repudia “fortemente a ofensiva russa” contra a Ucrânia e manifesta a sua solidariedade para com o povo ucraniano, pedindo “todos os esforços” da comunidade internacional para o restabelecimento da paz.
“Desde logo queríamos manifestar a nossa solidariedade para com o povo ucraniano, não só com todos aqueles que estão neste momento a ser afectados pela invasão russa, como também apelar ao Governo que receba e que promova o reagrupamento familiar de todas as pessoas que possam querer vir para Portugal”, afirmou a porta-voz do PAN.
Em declarações à agência Lusa, Inês Sousa Real repudiou também “fortemente aquilo que tem sido a ofensiva russa”.
“O planeta precisa a este tempo de paz, não precisamos de uma guerra”, salientou, defendendo que “era importante que o mundo estivesse a este tempo focado no combate às alterações climáticas, à retoma socioeconómica”.
“Essa são as guerras que deveríamos estar a travar e não ter uma potencial terceira guerra mundial, e é fundamental que a própria Rússia tenha a consciência da inconsequência dos seus actos para a estabilidade mundial”, criticou.
Por parte de Portugal, “tem que haver um forte compromisso para se criar e desburocratizar os mecanismos que permitam a quem possa pedir asilo ser acolhido o quanto antes”, defendeu.
A porta-voz e deputada do PAN aproveitou para defender o fim dos vistos ‘gold’, que são “um foco de corrupção” e “podem permitir que alguns activos russos venham para o nosso país por motivos que não os da solidariedade e de fugir de uma guerra”, recusando “dois pesos e duas medidas”.
IL. “Ataque criminoso”
A Iniciativa Liberal solidariza-se com o povo Ucraniano que está sob “ataque criminoso do regime autocrático russo”, defendendo que Portugal deve ajudar “imediatamente os portugueses na Ucrânia e as famílias ucranianas” no país.
“A Iniciativa Liberal está solidária com o povo ucraniano, sob ataque criminoso do regime autocrático russo, um ataque a todo o mundo livre. Um povo na linha da frente com enorme dignidade e coragem no regresso das trevas da guerra à Europa”, pode ler-se numa primeira reacção do partido nas redes sociais.
Na perspectiva do partido liberal, “Portugal deve ajudar imediatamente os portugueses na Ucrânia e as famílias ucranianas em Portugal”.
LIVRE. Ajudar refugiados
“A invasão da Ucrânia pela Rússia é, à luz do direito internacional, ilegítima, ilegal e agrava brutalmente a crise que a Europa vive. A Ucrânia tem as suas fronteiras internacionalmente reconhecidas e a Rússia, enquanto signatária da Carta da ONU, estava comprometida a não lançar acções agressivas, sem provocação, e a cumprir com as condições mínimas exigíveis para evitar o conflito”, veicula o Livre, em comunicado.
O partido de Rui Tavares, eleito deputado nas eleições legislativas de 30 de Janeiro, defende que “UE e Portugal tudo devem fazer perante o desastre humanitário que se adivinha”.
“É urgente preparar a ajuda a refugiados de guerra e Portugal deve estar nesta primeira linha de defesa dos Direitos Humanos, disponibilizando-se de imediato para acolher vítimas e deslocados de guerra”, diz o Livre.
Mais, Portugal deve, através do Conselho da UE, obter “a garantia de todos os Estados Membros para que façam o mesmo”, sustenta.
Para o Livre, “esta guerra deixa também claro que é finalmente a hora de investigar o dinheiro sujo dos oligarcas, confiscar propriedade; retirar licenças a bancos russos e retirar a Rússia do sistema SWIFT de pagamentos internacionais, caso não haja cessar das hostilidades e regresso das tropas às anteriores posições”.
“Este não pode ser o tempo da força das armas, do gás e do petróleo. A União Europeia deve agora, perante esta crise, deixar de ter dúvidas sobre a importância, também geoestratégica, da Europa e aumentar massivamente o investimento em renováveis e alternativas energéticas”, considera.
CDS. Solução “efectiva e rápida”
O CDS-PP considera que a acção militar da Rússia contra a Ucrânia é “um ataque infame” e uma “violação grosseira do direito internacional” e defende uma “solução efectiva, rápida e consequente” para acabar com o conflito.
“A guerra iniciada hoje pela mão da Rússia na Ucrânia representa um ataque infame a um país soberano e uma violação grosseira do direito internacional que ninguém pode deixar de condenar”, afirma o vice-presidente centrista Pedro Melo.
Em comunicado enviado à Lusa, o CDS solidariza-se “com todo o povo ucraniano e, em especial, com as famílias das primeiras vítimas deste lastimável conflito”.
Os centristas exortam também “o Governo português a actuar em conjunto com a comunidade internacional, no quadro das Nações Unidas, da Nato ou outro, a fim de que se encontre uma solução efectiva, rápida e consequente para pôr cobro à guerra na Ucrânia”.
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