A organização europeia DiEM25 acusa a Grécia e a guarda de controlo fronteiriço da União Europeia de, entre Março de 2020 e Março de 2022, terem deixado “abandonados à morte” 27.464 migrantes que procuravam chegar à costa grega a partir da Turquia, atravessando o Mar Egeu.
A acusação tem por base uma investigação realizada pela Forensic Architecture’, que aponta ter verificado mais de mil casos da prática conhecida como ‘drift-back’, ou seja, o abandono de migrantes em pleno mar.
A DiEM25 sublinha que a Guarda Costeira grega e o Frontex desempenharam “um papel proeminente” no “tratamento desumano” sofrido por essas pessoas, já em situação de extrema vulnerabilidade, que tentam chegar a solo europeu.
A investigação revela que, com base na análise de 26 ocorrências, as autoridades gregas chegaram mesmo a atirar de volta para o Mar Egeu migrantes algemados, muitas vezes em barcos de borracha sem motor, resultando em vários afogamentos. Existem também relatos de espancamentos e roubos às mãos de agentes da Guarda Costeira grega e do Frontex. A autoridade fronteiriça europeia terá estado directamente envolvida em 122 ocorrências de ‘drift-backs’, de um total de 1.018.
A maior parte dos incidentes terão acontecido ao largo da costa da ilha de Lesbos, mas também se registaram ocorrências nas águas perto de Chios, Samos, Kos e Rhodes.
Stefanos Levidis, investigador da Forensic Architecture, afirma que “o nosso estudo ergue uma montanha de provas contra as cada vez mais ocas negações por parte do governo grego”, que tem afastado as acusações de estar a devolver ao mar migrantes e a incorrer em incumprimento das suas obrigações de prestação de auxílio ao abrigo do direito internacional.
A Forensic Architecture salienta que “os ‘drift-backs’ são uma prática ilegal que vai contra vários protocolos internacionais, incluindo os direitos inalienáveis que se aplicam ao asilo e aos resgates marítimos” de migrantes.
“O Mar Egeu é não só um ponto quente para violência praticado por Estados, mas também um local onde ela é obscurecida”, escreve a organização.
Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças da Grécia, aponta que “nenhum europeu deveria dormir bem enquanto não-europeus são forçados a regressar aos mares ameaçadores. O seu pesadelo hoje irá assombrar os nossos sonhos para sempre”.
Com Multinews