Uma equipa de assistentes sociais e investigadoras desenvolveram uma ferramenta inovadora que permite detectar situações de maior complexidade social em doentes renais crónicos e intervir mais rapidamente, minimizando situações de maior risco psicossocial.
“Metade das pessoas que entram em diálise a nível nacional tem um índice de complexidade média e alta” que exige “além da abordagem clínica, uma abordagem psicossocial que faz o suporte dos doentes e famílias e agiliza os recursos e respostas sociais necessárias à sua subsistência com impacto directo no prognóstico clínico e na sua qualidade de vida, disse à agência Lusa a assistente social e coordenadora do trabalho, Marta Olim.
A equipa fez uma avaliação prévia em 3.200 doentes do país que revelou que 41% tinha uma complexidade social média e 10% elevada.
“Estas pessoas estão num contexto de fragilidade enorme não só pela sua doença, mas também porque estão, do ponto de vista psicossocial, frequentemente muito instáveis vivendo em contextos de múltiplas carências e perdas”, exigindo uma atenção e um suporte muito mais abrangente e específico a nível médico, de enfermagem, da nutrição e da farmácia para fazer face a este risco.
Para identificar mais rapidamente estes casos, a equipa de assistentes sociais, em parceria com as investigadoras Sónia Guadalupe e Fernanda Daniel do Instituto Miguel Torga de Coimbra, desenvolveram a “matriz de complexidade associada ao processo de intervenção social com doentes renais crónicos” que foi testada e avaliada.
“Esta matriz revelou ser um instrumento importante para identificar a complexidade associada ao processo de intervenção social na nefrologia, constituindo um contributo muito relevante para a gestão de informação dos assistentes sociais e também para a equipa de saúde”, com 15 diferentes indicadores que garantem uma avaliação das situações problema de uma forma profunda e abrangente.
Segundo Marta Olim, esta característica multidimensional permite uma aproximação à complexidade das situações que resultam do impacto da doença renal crónica e do seu tratamento na vida do doente, mas também da família.
“Esta ferramenta vai ajudar a detectar situações prioritárias para agirmos o mais rapidamente possível em conjunto com outros técnicos da equipa interdisciplinar para as pessoas terem um prognóstico diferente e por isso mais favorável, vincou Marta Olim.
Permite também agir em conformidade com a situação do doente, satisfazendo as suas necessidades, agilizando os recursos e dando-lhes o suporte adequado para terem “uma qualidade de vida diferente e se adaptarem o melhor possível a esta nova condição de vida que não é fácil”.
Além de detectar situações de risco, a matriz vai permitir perceber a sua evolução ao longo do tempo, sobretudo depois de se intervir, percebendo o impacto dessa mesma intervenção.