Investigadores do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho (UMinho) demonstraram ser “possível atrasar a progressão” da doença de Machado-Joseph em animais, podendo significar uma “nova abordagem” àquela doença, anunciou a instituição.
Em comunicado, o ICVS adianta que, num artigo recentemente publicado na revista Movement Disorders, as investigadoras Sara Silva e Patrícia Maciel mostraram “pela primeira vez que o tratamento prolongado com creatina resulta num importante atraso da progressão da doença e numa melhoria significativa dos sintomas, com preservação dos neurónios que normalmente degeneram”.
A doença de Machado-Joseph é uma doença neurodegenerativa hereditária, que provoca descoordenação motora (ataxia). É causada por uma mutação num gene, bastando um dos progenitores ser afectado para que os filhos tenham uma probabilidade de 50% de nascer com a doença.
Segundo explana o texto, a creatina é um “composto natural produzido pelo corpo humano e frequentemente utilizado por pessoas saudáveis, incluindo atletas”.
O ICVS adianta que o “próximo passo é a realização de um ensaio clínico, sendo que a ausência de toxicidade associada à creatina torna mais fácil a sua concretização”.
DOENÇA AINDA SEM CURA
Os resultados deste estudo, acrescenta, “apontam para uma nova abordagem terapêutica da doença, que neste momento não tem cura nem tratamento eficaz”.
O comunicado explica ainda que os sintomas da doença “têm habitualmente início na vida adulta, mas agravam-se progressivamente, levando a uma incapacidade muito marcada, com impacto nos doentes, mas também nos seus cuidadores”.
Entre as manifestações mais comuns, refere o texto, são a “perda do controlo dos movimentos e do equilíbrio, espasmos musculares, dificuldades na deglutição e na articulação da fala, com progressão para a perda total de independência e morte prematura”.