O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa disse esta terça-feira que a “única porta” que o partido abriu foi para que PSD/CDS saíssem do Governo, referindo-se à consequência do chumbo da proposta de Orçamento de Estado.
O secretário-geral do PCP, que falava no Casino Afifense, durante a apresentação da lista de candidatos da CDU pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo às Legislativas, liderada pelo comunista Joaquim Celestino Ribeiro, disse ter encontrado “grandes dificuldades” quando, na última legislatura, o partido tinha contactos com o PS.
“Achei curioso que mesmo camaradas e amigos nossos, disseram. Cuidado, assim sem Orçamento de Estado estão a criar condições para abrir a porta à direita, mas a única porta que o PCP um dia abriu foi para que o PSD/CDS saíssem do Governo. A vida o dirá”, afirmou Jerónimo,
“Só muito mais tarde é que descobrimos que o Partido Socialista não queria soluções, queria ir para eleições. Queria eleições para, com base nesta ou naquela medida, procurar com ânsia a maioria absoluta. Se isso não resultar, já está a estender mão ao PSD”, apontou.
Jerónimo de Sousa disse ainda que as eleições legislativas de Janeiro de 2022, “são para eleger deputados, e não o primeiro-ministro.
“Aliás esta teoria de que o partido mais fraco constituiu o Governo não é assim porque o PSD e o CDS tinham maioria, não tinham maioria absoluta, na Assembleia da República e, no entanto, a correlação de forças entre os 230 deputados não permitiram que essa solução passasse por isso o Governo PSD/CDS foi ao charco”, explicou.
BIPOLARIZAÇÃO
Segundo o secretário-geral do PCP acrescentou que a “ilusão” de que as próximas eleições legislativas vão servir para eleger o primeiro-ministro, é para “criar a ideia que os portugueses só têm duas alternativas, ou PS ou o PSD, para depois se completam um ao outro”.
“A bipolarização serve claramente ao PS, em primeiro lugar, mas naturalmente também ao PSD. Volto a dizer. O tempo o dirá”, sustentou.
No discurso proferido, perante mais de uma centena de pessoas, Jerónimo de Sousa disse que “conhece bem” o PSD.
“Por muito que queira cavalgar alguns descontentamentos, disfarçando as suas reais intenções, não passa de uma versão nova de um programa já velho. É o partido dos que mandaram os jovens emigrar porque cá não havia lugar para eles. É o partido dos que diziam que o País estava melhor embora os portugueses estivessem pior. Estava certamente melhor para os grandes grupos económicos, mas pior para a generalidade da população”, atirou.
Segundo o líder comunista, “o PSD quer voltar, mas não vai conseguir e já anunciou estar disposto a dar a mão ao PS se este não tiver maioria absoluta, mão que aceita, certamente, não para aplicar uma política de esquerda”.
“Quer uns quer outros o que ambicionam é fugir da intervenção do PCP e da CDU e do que ela significa de avanço. O que querem é ficar de mãos livres e assim fugir à solução dos problemas”, sustentou.
Na intervenção, Jerónimo de Sousa falou das principais preocupações do partido relacionadas com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), os transportes públicos, água, ambiente e na educação, a propósito das normas de prevenção da covid-19, insistiu que “se o Governo decretou o encerramento das escolas e obriga pais e encarregados de educação a ficar em casa com os filhos à sua guarda tem a obrigação de garantir a todos, e sem condições, o pagamento dos salários a 100%”.
“Não é admissível que o Governo volte a cometer em 2022 as injustiças que cometeu em 2020 e 2021 com as limitações que impôs a esses apoios”, especificou.