Vai correr tinta e água suja! O ex-diretor-geral do Sporting Clube de Braga, João Gomes, vai recorrer ao Tribunal de Trabalho por ter sido despedido com razões que garante serem “inventadas e falsas”.
Em conferência de imprensa, esta quinta-feira realizada na Póvoa de Varzim, acompanhado do advogado Rui Jorge Santos, disse aos jornalistas que o clube está mal gerido, tem uma situação financeira “preocupante” e que há membros directivos que fazem negócios com empresas de que são donos.
E pede aos associados que promovam a realização de auditorias externas às contas e à gestão. Em resposta, a direcção emitiu um comunicado dizendo que João Gomes, tentou, em Fevereiro, extorquir o clube, pedindo 250 mil euros, uma viatura, da marca Mercedes, de 60 mil – que lhe estava distribuída- e subsídio de desemprego. A exigência terá sido feita com a promessa de revelar factos graves da gestão de António Salvador.
O ex-diretor da colectividade, cargo que ocupou durante 11 anos, disse que “está em causa a sua honra e dignidade” e lamentou que o presidente, António Salvador, tenha dito publicamente que havia “factos graves”, o que – sublinhou – deixou muitos bracarenses a pensar que tinha desviado dinheiro dos cofres do clube, facto que não aconteceu, nem consta da decisão disciplinar. “Uma tentativa de assassinato de carácter”, disse, lembrando que tem amigos, e família e que “a honra e a dignidade estão acima do dinheiro” João Gomes garante que foi despedido por ter manifestado discordâncias “éticas” com a gestão, e anuncia, que, com a acção judicial, “serão conhecidos factos muito graves”, mas não relativos à sua conduta.
Reconhece que, nos últimos anos, com a gestão de Salvador, “o clube teve um crescimento assinalável, fruto de uma equipa onde trabalhou, “com orgulho”, mas sublinha que tal não justifica comportamentos autoritários. “A Administração existe para servir o clube e não para se servir dele”, acentua.
Exemplifica esta crítica com o facto de não ser aceitável que o clube celebre negócios com empresas onde os membros da sua direcção tenham interesses pessoais”.
João Gomes garante que tudo fez para servir o clube, e pede aos sócios que “exijam transparência e cumprimento dos princípios de boa gestão do clube e da SAD, onde há dirigentes com acções a título pessoal”. Sugeriu, por isso, aos sócios que peçam auditorias externas.
EXTORSÃO
Em comunicado, o SCBraga diz que “não cedeu ante a chantagem feita com acusações infundadas e falsas, para extorquir dinheiro ”.
A sua direcção diz que se trata de “um ataque difamatório feito como reação à decisão de despedimento e ao facto de ter visto goradas as suas tentativas de extorsão”.
“Responsabilizaremos criminalmente quem difamar o clube e a Sad , e tente arrastar o seu bom nome na lama”, ameaça.
E acusa: “no dia 8 de Fevereiro de 2018 o Senhor João Pereira Gomes tentou coagir o clube, a Sad e sua estrutura com a ameaça de divulgação de factos infundados, na tentativa de extorquir ao clube ou à Sad a quantia de 250 mil euros, uma viatura Mercedes-Benz Classe C220 Station AMG, de 2017 e com valor de cerca de 60 mil, e ainda exigindo que, com o fim da relação laboral, lhe fosse atribuído subsídio de desemprego, tudo no prazo máximo de 24h00”.
E acrescenta: “Perante tal comportamento, não restou outra solução à Sad a não ser instaurar procedimento disciplinar ao Senhor João Pereira Gomes com vista ao seu despedimento com justa causa e suspender o mesmo da sua atividade, facto que foi tornado público em devido tempo”.
A concluir diz que “Só o Senhor João Pereira Gomes poderá esclarecer sobre as motivações para a chantagem que tem tentado exercer, ora sugerindo a “compra” do seu silêncio e procurando extorquir o Clube em benefício próprio, ora expondo teses delirantes perante a Comunicação Social, numa atitude de mera revanche, típica de quem, sabendo-se incapaz de defender tais ocorrências nas sedes próprias, executa as suas vinganças pessoais na esfera pública”.
E finaliza: “A falta de seriedade das denúncias é revelada pelo seu procedimento: fossem verdadeiras as graves insinuações formuladas e nunca um responsável idóneo teria um comportamento como o praticado pelo Senhor João Pereira Gomes”.