Um livro dedicado ao caso do empresário da construção civil minhoto raptado em Braga à frente da filha de oito anos e assassinado em Valongo no dia seguinte, após o que o seu cadáver terá sido desfeito em ácido sulfúrico, é apresentado, por ocasião do início do julgamento, quinta-feira, de manhã, no Tribunal de São João Novo.
Com o livro, intitulado ‘Bourbons e Bruxo – Crime Bárbaro e Inédito em Portugal’, da autoria do jornalista Joaquim Gomes, colaborador permanente do PressMinho/O Vilaverdense, “não se pretende antecipar qualquer tipo de ‘julgamento’, muito menos na praça pública, mas somente revelar os factos, tidos como tal, na presente fase processual, de julgamento, o único fórum para julgar os nove arguidos, sete dos quais alegadamente com ligação directa ao crime que vitimou João Paulo de Araújo Fernandes”.
Segundo o mesmo jornalista, o homicídio, “o crime por excelência, crime dos crimes, proibido por um dos dez mandamentos de inspiração judaico‑cristã, teve aqui o seu expoente máximo, conforme é revelado neste livro, um exercício de documentário jornalístico e nada mais do que isso”, onde são apresentadas as versões em confronto, da acusação do Ministério Público de Guimarães, ao despacho de pronúncia da juíza de instrução criminal do Porto, passando pela defesa dos arguidos que fizeram declarações.
O prefácio é do juiz de Direito aposentado Vítor de Azevedo Soares, que foi magistrado em Amares, sendo publicado por Rui Costa Pinto Edições, estando à venda dentro de uma semana, na FNAC, Almedina e Porto Editora, quando começar aquele julgamento.
João Paulo de Araújo Fernandes, de 41 anos, que estava emigrado em França e vinha duas vezes por mês passar fins-de-semana com a sua filha, foi vítima de um dos crimes mais macabros de sempre em Portugal, com alguns contornos de que não há memória em Portugal, segundo se destaca num relatório final das investigações Polícia Judiciária.
Entre os principais acusados, todos em prisão preventiva, encontram-se os três irmãos bracarenses Bourbon – os advogados Pedro e Manuel, a par do economista Adolfo – e o curandeiro Emanuel Marques Paulino (‘Bruxo da Areosa’), que passou a sua infância e juventude em Braga, numa casa ‘assombrada’ perto do Monte do Bom Jesus, com o pai José Manuel Paulino, que também se dedicava a medicina alternativa e mais a madrasta.
Pedro Bourbon é acusado de ter sido o mandante do crime e beneficiado alegadamente de um “álibi partidário”, já que nas datas do sequestro e do homicídio, 11 e 12 de Março de 2016, encontrava-se em Lisboa e Évora, respectivamente, numas reuniões do Partido Democrático Republicano (PDR), de que era vice-presidente e secretário-geral, após ter sido cabeça de lista às eleições legislativas de Outubro de 2015 pelo Círculo Eleitoral de Braga, naquele novo partido, que tinha na altura um núcleo muito activo em Vila Verde.
O ‘Bruxo da Areosa’, que também foi candidato a deputado à Assembleia da República nas últimas Legislativas, é agora acusado de ter estrangulado a vítima, mas apoiado por Rafael Silva (‘O’Neill’), o segurança que escoltou o eurodeputado e presidente daquele partido, António Marinho e Pinto, antigo bastonário da Ordem dos Advogados, ocasião em que Pedro Bourbon fazia parte da Comissão dos Direitos Humanos de tal instituição.