A polícia norte-irlandesa está a investigar a morte de uma jornalista em Derry, na noite de quinta para sexta-feira, como um “incidente terrorista”. Suspeita-se que o crime tenha sido cometido por dissidentes republicanos e que a repórter, Lyra McKee, de 29 anos, tenha sido apanhada por um disparo durante um motim na cidade.
Segundo uma análise da BBC, a actividade de dissidentes republicanos – do chamado Novo IRA, que orquestrou o ataque à bomba no tribunal de Derry no início do ano – está a crescer, e a polícia receia um aumento de incidentes violentos para marcar o aniversário da Revolta da Páscoa, em 1916, contra o domínio britânico.
Na quinta-feira, a polícia começou a efectuar buscas na região, procurando armas e explosivos em casas de suspeitos, e eclodiram motins. McKee, que trabalhava em Belfast, escreveu no Twitter: “Derry esta noite. Loucura absoluta”.
O Novo IRA, criado em 2012 e composto por dissidentes do IRA – Exército Republicano Irlandês, que depôs as armas quando o processo de paz na Irlanda do Norte se consolidou. É um grupo influente na região de Derry e está na “primeira linha de análise para o inquérito” aberto à morte da jornalista, diz a polícia citada pelo Irish Times.
Lyra McKee, que a editora Faber descreve como uma promissora jornalista de investigação, estava a escrever um livro sobre desaparecimentos durante as três décadas de violência na Irlanda do Norte, que terminou com o Acordo de Sexta-Feira Santa, de 1998.
Os dois maiores partidos políticos da Irlanda do Norte já lamentaram a morte da jornalista e condenaram a violência. Michelle O’Neill, líder do partido republicano Sinn Féin disse que os “responsáveis deviam ouvir o povo e acabar imediatamente com estes actos sem nexo contra a comunidade” e considerou a violência um “ataque ao Acordo de Belfast”. Arlene Foster, deputada do Partido Unionista Democrático (DUP, favorável à permanência da Irlanda do Norte no Reino Unido), condenou a violência sectária.
Os primeiros-ministros da República da Irlanda e do Reino Unido, Leo Varadkar e Theresa May, condenaram também esta violência. O Governo da Irlanda “não vai tolerar aqueles que querem propagar a violência, o medo e o ódio e arrastar-nos para o passado”, disse Varadkar.
A polícia da Irlanda do Norte esclareceu que não abriu fogo durante os motins e apelou à calma neste fim-de-semana de Páscoa — pediu ainda para as imagens da violência não serem propagadas nas redes sociais.
Fonte: Público