A solidariedade com os refugiados e os povos migrantes é uma obrigação na defesa dos valores europeus e da dignidade humana. O eurodeputado José Manuel Fernandes reafirmou esta premissa em Vila Nova de Famalicão, num debate sobre as migrações na Escola Secundária Camilo Castelo Branco. Mas aproveitou para, simultaneamente, defender que essa solidariedade é cada vez mais do interesse dos países europeus.
“Perante o envelhecimento progressivo da população europeia e da evolução do peso cada vez maior de África na população mundial, com particular efeito ao nível da juventude, é do interesse estratégico dos europeus acolher de forma estruturada imigrantes, para garantirem um futuro sustentável, tanto a nível demográfico e social, como económico”, defendeu José Manuel Fernandes.
Essa deveria ser uma política estratégica a assumir por Portugal, que apresenta os mais elevados índices de envelhecimento da população na Europa, como sublinharam o autarca famalicense Augusto Lima e o investigador e empreendedor José António Salcedo, durante o debate que decorreu na noite de sexta-feira, no âmbito do ‘Chá Europeu’ dedicado ao tema ‘Migrantes e Refugiados: ameaça ou oportunidade para a Europa?’.
No terceiro concelho mais exportador e um dos mais industriais do país, autarca e investigador apontaram a necessidade de reforçar e rejuvenescer mão-de-obra e sobretudo o interesse por quadros qualificados como transversais a toda a economia, mas com reflexo especial na indústria e também na agricultura.
POLÍTICA EUROPEIA PRECISA-SE
Apesar de esse ser uma argumentação que devia superar manifestações nacionalistas na atenção às migrações, José Manuel Fernandes reconheceu que nesta matéria “tem faltado uma verdadeira política europeia”, partilhando experiências vividas em campos de refugiados na Turquia, Jordânia, Líbano e Grécia.
“Numa luta permanente para contrariar os egoísmos nacionais, a União Europeia tem feito o que pode para ajudar os refugiados e os migrantes. É uma tarefa ainda mais complicada por se tratar de matéria sob competência de cada Estado-Membro. Apesar disso, a UE tem assumido um papel relevante e até liderante no contexto global”, argumentou o eurodeputado.
Num debate com moderação do Centro de Informação Europe Direct do IPCA e em que participou também a eurodeputado comunista Sandra Pereira, foram apresentados alguns números e dramas dos refugiados que arriscam a vida na travessia do mar.
“Apesar das oportunidades, este é um mundo injusto. Nós europeus, devemos lutar sempre pelos valores que aqui temos a oportunidade de viver. Mas temos também a responsabilidade de ajudar que os outros seres humanos possam aceder e viver beneficiando dos mesmos valores”, desafiou José Manuel Fernandes, numa iniciativa organizada pelo Clube Europeu da Secundária Camilo Castelo Branco, e que contou com a participação de alunos e pais. A Orquestra Musical desta escola-embaixadora do Parlamento Europeu assumiu a animação.
Luís Moreira (CP 8078)