O eurodeputado social-democrata vilaverdense José Manuel Fernandes afirmou que “em Portugal nós temos uma grande dificuldades em valorizar aquilo que tempos, também ao nível europeu, como os ganhos e as conquistas, não valorizando a paz que se vive na Europa e que a União Europeia é a maior economia mundial, ao nível de Produto Interno Bruto”.
José Manuel Fernandes falava no Porto durante a Grande Conferência do JN subordinada ao tema ‘Europa, Para Onde Vamos?’, que assinalou o 129.º aniversário do Jornal de Notícias, no Mosteiro de São Bento da Vitória.
O parlamentar europeu perguntou onde é que se vive melhor do que na União Europeia, em termos comparativos com o resto do mundo, constatando-se que é precisamente na zona regional da Europa, mas reconheceu “termos a obrigação de fazer mais e melhor”.
“A despesa social de sete por cento da população do planeta, que é aquela que vive na União Europeia, é superior a 50 por cento em relação à ajuda humanitária, em termos planetários, mas muitas vezes nem essa mensagem conseguimos passar”, afirmou ainda na conferência, em que esteve também o comissário europeu Carlos Moedas, além de outros eurodeputados como Nuno Melo, Francisco Assis, João Ferreira e Marisa Matias.
DESAFIOS
“O grande desafio da União Europeia, o que se discute pouco, é o envelhecimento da sua população, em que de uma média de idade de 27 anos passamos para a de 40 anos”, disse o também anterior presidente da Câmara Municipal de Vila Verde e líder distrital da Comissão Política Distrital de Braga do PSD.
José Manuel Fernandes evidenciou que “ao contrário do que se pensa há maior igualdade em Portugal do que por exemplo no Reino Unido, havendo, aliás, mais igualdade no Reino Unido, do que nos Estados Unidos da América”.
“Só por ingratidão ou má-fé se pode dizer que o orçamento da União Europeia não tem uma forte componente de solidariedade, quando um terço é para a política de coesão”, afirmou, preconizando que “deveremos estar todos juntos para fazermos mais, o que implica desde logo mais partilha”.
“É com mais solidariedade e partilha que podemos desenvolver os desafios globais”, de acordo com o eurodeputado, originário da família social-democrata no grupo do Partido Popular Europeu, dando o exemplo de “podermos modelar as alterações climáticas ou a questão da escassez de recursos naturais, que só se enfrentará com uma economia da sustentabilidade ambiental, reciclagem e eficiência energética, entre as outras políticas”.
O eurodeputado do recordou “os nossos valores, de liberdade, de multiculturalismo e de solidariedade, bem como da tolerância e de democracia, até porque se não fosse a União Europeia eu não tenha a mínima dúvida que alguns países já teriam enveredado por ditaduras”.
“EUROPA, PARA QUE TE QUEREMOS?”
Acerca da Europa a duas velocidades, José Manuel Fernandes referiu que “hoje em dia a Europa já funciona a várias velocidades, desde logo daqueles que estão e os que não estão na zona euro ou na zona Schengen”.
“Em Portugal as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto correspondem a cinco por centro do território nacional, mas onde se concentra 50 por cento do PIB e 40 por cento da população”, destacou ainda o eurodeputado social-democrata.
“Se me permitem eu reformularia esta questão assim, ‘Europa, para que te queremos?’ – uma vez que Portugal tem sido muitas vezes um parceiro passivo europeu, direi, um utilizador, em que se deixa que as coisas aconteçam e onde muitas vezes a pergunta que fazemos e única é a seguinte: quanto é que vamos receber, enquanto os alemães, por exemplo, questionam quanto é que vamos pagar”, segundo José Manuel Fernandes.