Um jovem de 17 anos acusado de matar o pai à machadada na freguesia de Pereira, Barcelos, confessou esta quinta-feira de manhã o crime ao Tribunal de Braga, dizendo que queria acabar com o “inferno” que o pai criava em casa.
No meio de soluços e de choro convulsivo, o arguido disse que o pai andava quase sempre embriagado, discutia recorrentemente com a mãe sobretudo por questões de dinheiro e insultava-a “quase diariamente”.
Admitiu também que ficava “intimidado” com os “toques” que o pai “de vez em quando” lhe dava nas costas, nos ombros e nas virilhas, atribuindo-lhes um cariz sexual.
O crime ocorreu em 26 de Julho de 2019, um dia depois de a vítima ter regressado de França, onde estivera emigrado desde Janeiro.
“Foram os melhores momentos das nossas vidas”, disse o arguido, referindo-se ao período em que o pai não esteve em casa.
Mal regressou, as discussões com a mãe voltaram, tendo a vítima ainda deixado claro que a partir dali “ainda ia ser pior”.
No dia dos factos, ao almoço, o pai voltou a insultar a mãe do arguido. A mãe foi entretanto trabalhar e o pai foi “dormitar”, para o quarto. O arguido foi buscar um machado e desferiu-lhe um número não concretamente apurado de golpes, que o atingiram, além do mais, na cabeça, face, peito, membros e órgãos genitais, acabando por lhe provocar a morte.
A acusação, como sublinhou esta quinta-feira a juiz presidente, tem cinco páginas com as lesões sofridas pela vítima.
O arguido deixou o machado espetada na cabeça do pai.
“Actuou com frieza de ânimo, aproveitando-se do facto de o seu pai estar deitado a descansar e alheio aos seus intentos, não lhe dando hipótese de qualquer defesa”, sublinha a acusação.
O arguido disse que nunca antes tinha pensado em fazer aquilo e alegou que não se lembra em que partes do corpo atingiu o pai.
“Só sei que fiz isto”, referiu, acrescentando ainda que quis “proteger” a mãe.
Luís Moreira (CP 8078)