Uma jovem de 20 anos, da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do novo coronavírus, infectou cinco familiares. Não apresentava sintomas. É uma nova evidência de que o novo coronavírus pode propagar-se de forma assintomática.
A doente viajou em Janeiro para a cidade de Anyang, 675 quilómetros a norte de Wuhan, onde infectou as cinco pessoas da família, sem mostrar sinais de infecção, reporta um novo estudo publicado na revista académica Journal of the American Medical Association.
De acordo com os autores do documento, cientistas do Hospital Universitário de Zhengzhou, na China, quando os infectados começaram a sentir-se doentes, os médicos isolaram a mulher e submeteram-na a testes para confirmar se seria portadora do Covid-19. Inicialmente, o teste deu negativo, mas um seguinte confirmou a suspeita.
Todos os cinco infectados pela cidadã de Wuhan desenvolveram pneumonia mas, a 11 de Fevereiro, a mulher continuava sem apresentar sintomas: não tinha febre, dificuldades respiratórias, dores de estômago ou garganta, e a TAC ao tórax estava normal. Se forem replicados mais casos como este, dizem os cientistas, “a prevenção da infecção pelo Covid-19 pode constituir um desafio”.
Já tinham sido relatados casos de indivíduos sem sintomas que disseminaram o vírus, mas o novo estudo oferece mais pistas sobre a forma como o Covid-19 se está a propagar e sugere a razão pela qual está a ser difícil travá-lo. É uma espécie de “experiência natural em laboratório”, disse o especialista em doenças infecciosas William Schaffner, da Universidade de Medicina de Vanderbilt, no Tennessee, que não está envolvido na investigação.
“Temos esta paciente de Wuhan, onde está o vírus, a viajar para um local onde o vírus ainda não tinha chegado. Permaneceu assintomática e infectou vários familiares”, disse o perito citado pela agência Reuters, apontando que “imediatamente, um grupo de médicos detectou o caso e testou todos” os envolvidos.
Para Schaffner, o importante agora é saber com que regularidade ocorre este tipo de transmissão e quando, durante o período assintomático de uma pessoa infectada, é que os exames dão resultado positivo.
A China reportou, até à data, à Organização Mundial de Saúde mais de 75 mil casos de infecção pelo coronavírus, incluindo 2239 mortes. Além do território continental chinês, foram reportados casos de Covid-19 nas regiões semi-autónomas do país e em pelo menos 26 países.
DUAS MORTES EM ITÁLIA
Em menos de 24 horas, as autoridades italianas confirmaram duas mortes por causa do novo coronavírus.
Depois de, na sexta-feira, as autoridades do país terem dado conta da morte de um homem infectado, um cidadão italiano de 78 anos, regista-se agora uma segunda morte. De acordo com a imprensa italiana, trata-se de uma mulher da região de Lombardia, onde mais de 10 cidades fecharam estabelecimentos escolares e serviços público na sequência de aumento de casos, e onde mais de 50 mil pessoas foram colocadas em isolamento.
Ao mesmo tempo que se confirma a nova morte, contabilizam-se também outros 29 novos contágios, 27 em Lombardia (cuja capital é Milão) e dois em Veneto (cuja capital é Veneza), avança o diário Corriere Della Serra. E o La Repubblica adianta que mais de 250 pessoas estão em observação, a maioria profissionais de saúde e pessoas que estiveram em contacto com os infectados.