É um dos julgamentos que fica concluído nos primeiros meses do ano no Tribunal de Braga: está em fase final o caso de 46 arguidos acusados de burla na venda de 70 carros na internet. Já teve mais de 20 audiências para produção de prova.
Os arguidos abordavam telefonicamente as vítimas, depois de terem visto a foto da viatura nos sites OLX, Stand Virtual e Custo Justo. A rede recorria a um casal com aparência normal, que contactava o vendedor e aparecia, depois, para comprar. A burla era consumada, de preferência, a uma sexta-feira já que os bancos fecham ao fim de semana. E a operação era feita ou com depósito de um cheque ou com transferência bancária. Em ambos os casos sem que houvesse dinheiro.
Os compradores marcavam encontro e ora aparecia o suposto comprador, ora alguém da família, que se dizia filho, cunhada ou pai do interessado. Pediam-lhe o NIB (Número Interbancário) ou o da conta bancária e faziam-lhe um depósito no valor que o vendedor pretendia. Este, incauto, verificava o depósito no multibanco e – sublinha a acusação – acreditava nos compradores, dada a urbanidade com que se apresentavam.
Pagavam, também, com cheques furtados e assinaturas falsas, levando os carros sem os pagar. A burla atingiu dois milhões de euros. Estão acusados de associação criminosa, burla qualificada, falsificação de documentos, recetação, posse de arma proibida e condução sem carta. A investigação foi da PSP de Braga.
O núcleo duro do ‘gangue’, cinco arguidos todos familiares entre si, vai continuar em prisão preventiva. Foi deles que partiu o esquema, mais tarde alargado a outros familiares e amigos, de Gaia, Porto, Guimarães, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Santarém, Abrantes e Rio Maior.
Luís Moreira (CP 8078)