O Equador expôs o co-fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, detido esta quinta-feira no interior da embaixada equatoriana em Londres, a “um risco real de graves violações dos direitos fundamentais”, afirmou uma relatora da ONU, Agnès Callamard.
A relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias reagia desta forma, em declarações à agência noticiosa France Presse (AFP), momentos depois do jornalista australiano ter sido detido no interior da embaixada do Equador em Londres pela polícia britânica.
O relator especial da ONU para o direito ao respeito pela vida privada, Joe Cannataci, que tinha agendado um encontro com Julian Assange no próximo dia 25 de Abril na embaixada equatoriana, afirmou, por sua vez, que não tenciona cancelar o encontro e que continua a planear ver o jornalista australiano.
Outra das reacções à detenção de Assange surgiu por parte de Edward Snowden, o ex-analista informático da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) norte-americana que está exilado na Rússia desde que divulgou, em 2013, um esquema de vigilância e de espionagem em massa desenvolvido pelos serviços de informações dos Estados Unidos.
“Os críticos de Assange podem estar felizes, mas este é um dia negro para a liberdade de imprensa”, escreveu Snowden na rede social Twitter.
“As imagens do embaixador do Equador a convidar a polícia secreta do Reino Unido para a embaixada para arrastar para fora do edifício um jornalista premiado irão acabar nos livros de História”, acrescentou Edward Snowden, numa crítica directa às autoridades equatorianas.
Julian Assange foi detido pela polícia britânica no interior da embaixada do Equador em Londres, onde se encontrava há sete anos.
A polícia britânica indicou que executou um mandado de detenção emitido em 2012 por um tribunal londrino, após o Equador ter retirado o direito de asilo ao australiano de 47 anos, e informou depois que tinha também detido Assange “em nome das autoridades dos Estados Unidos”, ou seja, em cumprimento de um mandado de extradição deste país.
Assange refugiou-se na embaixada equatoriana na capital britânica em 2012 para evitar a sua extradição para a Suécia, que solicitou que o co-fundador do Wikileaks se entregasse por supostos crimes sexuais, um processo que, entretanto, prescreveu, mas que poderá ser reaberto.
O jornalista recusou entregar-se às autoridades britânicas por receio de ser extraditado para os Estados Unidos, onde poderia enfrentar acusações de espionagem puníveis com prisão perpétua.
Em 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 90.000 documentos confidenciais relacionados com acções militares dos Estados Unidos no Afeganistão e cerca de 400.000 documentos secretos sobre a guerra no Iraque.
Naquele mesmo ano foram tornados públicos cerca de 250.000 telegramas diplomáticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, que embaraçou Washington.