A Ordem dos Farmacêuticos considera que o cultivo e uso da planta da canábis é “uma não-solução” e representa “deixar os doentes abandonados à sua sorte”.
Félix Carvalho, do grupo de trabalho da Ordem dos Farmacêuticos sobre a canábis para fins terapêuticos, disse esta terça-feira no parlamento que “não se pode dizer [aos doentes] para cultivar plantas em casa como uma suposta mezinha”.
“Não é essa a forma de tratar os doentes em Portugal”, afirmou Félix Carvalho, frisando que a planta da canábis pode ainda “agravar a doença de quem se pretende tratar”.
Félix Carvalho adianta que o que tem sido estudado é a eficácia dos canabinoides em medicamento, não havendo adequadas avaliações de risco e benefício para a planta da canábis.
O representante do grupo de trabalho da Ordem dos Farmacêuticos considera inadequado propor o auto cultivo da planta da canábis, adiantando que “é uma não-solução [e] é deixar os doentes abandonados à sua sorte”.
“Vemos com muita preocupação que se pretenda usar o auto cultivo de plantas para soluções que já existem com medicamentos que estão no mercado”, indicou.
Graça Campos, também membro do grupo de trabalho que está hoje a ser ouvido no parlamento, considera que o cultivo da planta da canábis em casa não confere “controlo de qualidade sobre nada”.
“E pode-se acrescentar contaminações de fungos ou possível contaminação de metais pesados se a terra estiver contaminada. Posso acrescentar situações à doença daquela pessoa”, afirmou.
Também Hélder Mota Filipe, antigo dirigente da Autoridade do Medicamento, corroborou no Parlamento que “existem medicamentos canabinoides que fizeram todo o percurso para avaliação em termos de qualidade e segurança”, o que não acontece no caso da planta da canábis, que tem centenas de compostos e muitos deles nem se sabe a sua actividade.
Fonte: TSF