A coordenadora do BE alertou esta sexta-feir que o programa eleitoral da AD propõe um salário mínimo de 1.100 euros até 2029, “mas um T2 em Lisboa continua a custar 1.200”, deixando críticas ao PSD e ao PS.
Mariana Mortágua falava aos jornalistas na sede nacional do partido, em Lisboa, numa conferência de imprensa na qual insistiu nas propostas do BE para aumentar os direitos dos trabalhadores por turnos, ao mesmo tempo que o primeiro-ministro e presidente do PSD, Luís Montenegro, apresentava o programa eleitoral da coligação.
Interrogada sobre o facto de Luís Montenegro ter afirmado que “as eleições são uma oportunidade de restabelecer a estabilidade que Portugal precisa”, a coordenadora bloquista salientou que o argumento da estabilidade tem sido invocado “tanto por PSD como pelo PS numa disputa para ver quem é que fica primeiro” nas legislativas de 18 de maio.
“Ficar à frente por si só não é uma garantia de estabilidade”, advertiu, dando como exemplo vários governos socialistas e social-democratas que acabaram por cair antes do tempo previsto.
Mariana Mortágua continuou, argumentando que “há uma questão mais grave e mais substantiva” que pode ser colocada.
“Luís Montenegro apresenta no seu programa um salário mínimo nacional que, aliás, é muito parecido ao do Partido Socialista, que aponta para o final da legislatura 1.100 euros de salário mínimo nacional. O T2 em Lisboa continua a custar 1.200. E esta é a razão da instabilidade”, defendeu.
Tudo o resto, na ótica da coordenadora bloquista, “são cálculos de políticos que são incapazes de falar da vida das pessoas” e que “andam a fazer contas a configurações e a geometrias variáveis”
“Esta é a única matemática que dá estabilidade: ou há deputados para políticas que resolvam os problemas em número suficiente para as votar e aprovar ou não há estabilidade”, completou.
PROPOSTAS DO BE
Neste contexto, o BE apresentou esta sexta-feira várias propostas para alargar os direitos laborais dos trabalhadores por turnos, nas quais tem vindo a insistir desde o ano passado quando lançou uma petição pública que agregou “mais de 20 mil assinaturas”.
Salientando que os trabalhadores por turnos “têm o enorme desgaste de quem vive ao contrário da sociedade e ao contrário do seu ritmo biológico”, Mortágua insistiu na antecipação da idade de reforma em seis meses por cada ano de trabalho por turnos ou noturno destes profissionais, até ao limite dos 55 anos de idade.
Outra das propostas passa pelo direito a dois fins de semana de descanso, no mínimo, a cada seis semanas de trabalho e descanso de 24 horas entre cada turno.
Mariana Mortágua salientou que atualmente o trabalho por turnos “é do mais mal pago da sociedade”, razão pela qual o BE propõe que quem trabalha por turnos tenha direito a um subsídio obrigatório, correspondente a pelo menos 30% do seu salário base.
Sobre a notícia divulgada hoje pelo Expresso que dá conta que o maior cliente da empresa do primeiro-ministro, Luís Montenegro, está entre os principais doadores do PSD, Mariana Mortágua afirmou que “quanto mais se conhece das operações da Spinumviva” mais certezas surgem de que “há muito por explicar” e que a situação da empresa “vai perseguir” o atual primeiro-ministro durante a campanha.