A Aliança Global contra a fome foi oficialmente lançada esta segunda-feira na abertura da Cimeira do G20, com Lula da Silva a afirmar que os líderes devem lutar para “acabar com essa chaga que envergonha a humanidade”.
“Compete aos que estão aqui a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade”, afirmou o presidente brasileiro, na cidade brasileira do Rio de Janeiro, perante os líderes das 20 maiores economias mundiais e de países convidados, como o primeiro-ministro português, Luís Montenegro.
“Este será o nosso maior legado”, sublinhou Lula da Silva, num discurso forte, no qual frisou que a fome no mundo não é “resultado da escassez ou de fenómenos naturais”, mas sim o “produto de decisões políticas que perpetuam grande parte da humanidade” a este flagelo.
“Em um mundo que produz quase seis mil milhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível. Em um mundo cujos gastos militares chegam a 2,4 biliões de dólares, isso é inaceitável”, disse o chefe de Estado brasileiro.
Para Lula da Silva, o Rio de Janeiro, cidade que acolhe a cimeira, é uma espécie de retrato do mundo, “de um lado, a beleza exuberante da natureza sobre os braços abertos do Cristo Redentor, de outro, injustiças sociais profundas”.
Aberta desde Julho a todos os países, esta iniciativa procura coordenar acções e parcerias técnicas e financeiras para apoiar a implementação de programas nacionais nos países que aderirem à proposta e ainda o financiamento de políticas públicas para a erradicação da fome e da pobreza no mundo.
PORTUGAL JÁ CONTRIBUIU
Até ao momento, já aderiram à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza 81 países, entre os quais Portugal, 26 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 31 organizações filantrópicas, indicou Lula da Silva.
Portugal anunciou um contributo de 300 mil euros para a Aliança contra a Fome e a Pobreza, montante que “é um contributo inicial” para o lançamento das despesas administrativas desta iniciativa.
A iniciativa procura acelerar o progresso na eliminação da fome e na redução da pobreza, superando as metas estabelecidas na Agenda 2030.
A Aliança lançada pelo Brasil será gerida com base num secretariado alojado nas sedes da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) em Roma e em Brasília, formada por pessoal especializado e funcionará até 2030.
O director-geral adjunto para a Política Externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), Ricardo Vitória, é o representante português.
As bases da aliança já tinham sido aprovadas em Julho por mais de 50 delegações, incluindo os membros do G20, o fórum que reúne as maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana, países convidados, como Portugal, e organizações internacionais.
A 8 de Novembro, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, declarou que Portugal se associa à Aliança do G20 Contra a Fome e a Pobreza como membro fundador e que o faz “com grande empenho e entusiasmo”.
O número de pessoas que vivem com fome no planeta aumentou em mais de 152 milhões desde 2019, com mais de 9% da população mundial (733 milhões de pessoas) subnutrida, segundo um relatório da FAO divulgado em Julho durante uma reunião ministerial do G20.
PUTIN AUSENTE
A ‘cidade maravilhosa’ acolhe esta segunda-feira o primeiro de dois dias da cimeira do G20, presidida por Lula da Silva, chefe de Estado brasileiro, país que este ano assumiu a liderança do grupo das 20 maiores economias do mundo, que agregam cerca de dois terços da população mundial, 85% do Produto Interno Bruto (PIB) e 75% do comércio internacional.
Entre os principais líderes presentes destaca-se o Presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping.
O principal ausente será o Presidente russo, Vladimir Putin, representado pelo seu chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, já que o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra Putin por crimes de guerra no conflito na Ucrânia.
Para além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, são esperados representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal – país convidado pelo Brasil -, que será representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola, representada pelo seu Presidente, João Lourenço, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.