O Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF) registou um total de 38.800 reacções adversas às vacinas contra a covid-19, o que representa 1,5 casos em cada mil inoculações, indicou a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed).
“Com o decorrer do programa de vacinação, e o estímulo para a notificação de suspeitas reacções adversas associadas a vacinas contra a covid-19, este valor tem aumentado. No entanto, ao considerarmos o número de casos de reacções adversas face ao número total de vacinas administradas, verifica-se que as reacções adversas às vacinas contra a covid-19 são pouco frequentes, com cerca de 1,5 casos por mil vacinas administradas”, refere o relatório do Infarmed sobre a monitorização da segurança das vacinas em Portugal.
MORTES
Segundo o documento, até 30 de Setembro foram administradas cerca de 25,6 milhões de vacinas contra o coronavírus SARS-CoV-2 e registados 38.800 casos de reacção adversa (RAM), entre os quais 8.293 considerados graves.
“Dos casos de RAM classificados como graves, cerca de 84% dizem respeito a situações de incapacidade temporária (incluindo o absentismo laboral) e outras consideradas clinicamente significativas pelo notificador, quer seja profissional de saúde ou utente”, indicou o Infarmed.
No que diz respeito ao total de casos graves, 136 (0,4%) foram de morte, que “ocorreram num grupo de indivíduos com uma mediana de idades de 77 anos”, refere o relatório, que ressalva, porém, que estes “acontecimentos não podem ser considerados relacionados com uma vacina contra a covid-19 apenas porque foram notificados de forma espontânea ao Sistema Nacional de Farmacovigilância”.
O Infarmed precisa que a vacinação contra a covid-19 “não reduzirá as mortes provocadas por outras causas, por exemplo, problemas de saúde não relacionados com a administração de uma vacina, pelo que durante as campanhas de vacinação é expectável que as mortes por outras causas continuem a ocorrer, por vezes em estreita associação temporal com a vacinação, e sem que necessariamente haja qualquer relação com a vacinação”.
De acordo com o Infarmed, na faixa etária entre os 5 e 11 anos, os 50 casos notificados como graves referem-se na sua maioria a situações já descritas na informação das vacinas, como febre, vómitos, diarreia, mal-estar e cefaleia, e foram notificadas duas miocardites que evoluíram positivamente para cura.
Já no grupo dos jovens entre os 12 e os 17 anos, a maioria dos 123 casos considerados graves estavam relacionados com síncope ou pré-síncope e reacções alérgicas, mas todos tiveram evolução positiva e sem sequelas.
Vinte destes casos foram notificados como miocardite e pericardite, doenças inflamatórias com causa variada, normalmente associadas a infecções virais nestas faixas etárias.
PFIZER COM MAIS REACÇÕES ADVERSAS
Os dados do Infarmed indicam ainda que o maior número de reacções adversas foi registado em pessoas que receberam a vacina Comirnaty (Pfizer), a mais utilizada em Portugal, com 24.674 casos, mas estes dados “não permitem a comparação dos perfis de segurança entre vacinas”, uma vez que foram utilizadas em grupos populacionais distintos de idade, género, perfil de saúde e em períodos e contextos epidemiológicos distintos.
O documento adianta também que existe uma maior preponderância de notificação de RAM por parte do género feminino, o que é a tendência normal de notificação para qualquer outro medicamento, o que pode “dever-se a uma maior atenção das mulheres à sua saúde, bem como ao seu maior interesse por temáticas da área da saúde e bem-estar”.
Entre as reacções adversas mais notificadas constam febre, dor de cabeça, dor muscular, fadiga, calafrios, náusea, dor articular, dor generalizada, mal-estar geral, tonturas, aumento do volume dos gânglios linfáticos, vómitos e fraqueza.
“As RAM notificadas com maior frequência enquadram-se no perfil reactogénico comum de qualquer vacina, que inclui, entre outras, reacções locais após a injecção ou reacções sistémicas como pirexia (febre), cefaleia (dor de cabeça) ou mialgia (dor muscular), tendo sido detectadas ainda na fase de ensaios clínicos e descritas na informação destas vacinas”, indicam ainda o relatório.
O Sistema Nacional de Farmacovigilância, criado em 1992, funciona sob a coordenação do Infarmed e monitoriza a segurança de todos os medicamentos autorizados, incluindo vacinas, através da recolha e avaliação de suspeitas de reacções adversas a medicamentos.
De acordo com o Infarmed, que cita a Direcção-Geral da Saúde, Portugal contabilizava, até ao final de Setembro, mais de 5,5 milhões de casos de infecção por SARS-CoV-2 e 25 mil mortes.