A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou, em 2024, mais de mil vítimas de violência no namoro. Por mês, apoiou em média 85 vítimas.
São os dados do primeiro estudo estatístico de violência no namoro da associação e, segundo os mesmos, em 2024 a APAV acompanhou 332 vítimas de violência durante o namoro e 691 no final da relação.
Com estes dados, Patrícia Ferreira, dirigente da APAV, relembra que a violência não acaba quando um casal se separa.
«Isto quer dizer que as pessoas, maioritariamente, procuraram-nos já numa fase de términus da relação, por sentirem efectivamente que esta violência não termina com o fim do relacionamento», aponta.
«[As vítimas] continuam a ser, muitas vezes, perseguidas e alvo de comportamentos abusivos por parte da pessoa agressora, que não aceita o fim da relação e acaba por continuar a exercer aqui uma violência», refere.
O estudo aponta, ainda, que a maioria das vítimas é jovem, com idades entre os 18 e 0s 34 anos.
Com este ponto, a APAV faz outra observação: quando é pedida ajuda durante a relação, a maioria dos casos (82) conta com denunciantes entre os 18 e os 24 anos.
Quando a denúncia é feita após a relação terminar, a maior parte dos casos (187) tem vítimas entre 25 e 34 anos.
A maioria das vítimas, em qualquer casos, é mulher, representando 87%.
As restantes são homens (11,7% em relação e 11,6% após o fim da relação) e pessoas intersexo (0,3% em relação e 10,1% após o fim da relação).
Neste sentido, continuando uma tendência já recorrente, os agressores são, na maioria, os homens – 89,2% em denúncias feitas durante a relação e 88,6% nas que são apontadas após o fim do relacionamento
Porto e Lisboa são os distritos onde se registaram a maior parte dos casos, mas Faro e Braga também preocupam.
No Porto, foram feitas 45 denúncias de violência no namoro, Faro conta com 45 denúncias, e em Braga com 35.
Ainda, a APAV faz saber que só 50% das pessoas que denunciam já o tinham feito antes. Assim, Patrícia Ferreira diz ser «muito importante denunciar a violência no namoro porque é um crime que se enquadra na violência doméstica», vinca.
Em declarações à Renascença, a dirigente diz que «qualquer pessoa que tenha conhecimento da situação pode e deve denunciar», pois «só denunciando é que se pode receber este apoio especializado e ter esta ajuda para poder sair de uma relação abusiva», aponta.
«A sensibilização junto da comunidade e o não tolerar qualquer comportamento abusivo e violento é um dos grandes objectivos e a grande missão do nosso trabalho», acrescenta a dirigente.
«Poder sensibilizar as pessoas para estes comportamentos abusivos que depois acabam por ter um impacto muito significativo na própria pessoa e também muitas vezes nos familiares e amigos próximos é crucial», termina.