Os locais de trabalho estão mais diversos em termos etários, o que pode ser enriquecedor, mas também “desencadear tensões e preconceitos fundamentados apenas na idade”, alerta um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos
O estudo ‘Compreender o Idadismo no local de trabalho’, a que o ECO teve acesso, sublinha que não são apenas os mais velhos a serem discriminados. Mais de um quarto dos jovens reporta discriminação etária em todas as fases da sua vida profissional, do recrutamento ao despedimento.
“Face ao envelhecimento da população, e com quatro gerações a coexistir em muitas organizações contemporâneas, compreender o idadismo no local de trabalho tornou-se cada vez mais importante”, assinalam os autores do estudo, divulgado esta segunda-feira
A análise adiante que “já ficou comprovado” que a discriminação etária no mercado de trabalho afecta tanto os mais velhos, como os mais jovens, com consequências para a saúde dos próprios indivíduos, mas também das organizações.
JOVENISMO
A discriminação em função da idade é chamada, neste caso, jovenismo e, destaca o novo estudo, mais de um quarto dos funcionários reportam situações deste tipo, em todas as fases da sua vida profissional, do recrutamento a promoções, e até nos despedimentos.
“Além disso, os trabalhadores mais jovens tendem a receber salários relativamente baixos e relatam sentir-se subvalorizados, receber comentários depreciativos, ser considerados menos competentes, e afirmam receber menos oportunidades de desenvolvimento”, observam os autores.
Assim, os jovens que são alvo de discriminação acabam por sentir menos satisfação no trabalho, e por estarem menos envolvidos no seu emprego. Além disso, também diminuiu o compromisso organizacional, realça o estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
VELHISMO
Já quanto aos trabalhadores mais velhos, o velhismo reflecte-se, por exemplo, em menos oportunidades de entrevistas e vagas de emprego, bem como em menos oportunidades de formação.
Mais, “os trabalhadores mais velhos, quando comparados com os mais jovens, obtêm uma avaliação menos positiva em termos de desempenho, de potencial de desenvolvimento e de competências interpessoais, tais como vitalidade e capacidade para assumir riscos”, salientam os especialistas.
De acordo com o estudo citado pelo ECO, enquanto o jovenismo ainda é pouco estudado, o velhismo tem merecido mais atenção, pelo que as consequências negativas deste tipo de discriminação “estão bem estabelecidas” e incluem baixa auto-estima, percepção de menor controlo pessoal, menor satisfação no trabalho e compromisso organizacional, mais intenções de entrar na reforma ou até sintomas depressivos e ansiedade.
Os autores acrescentam que “a crença que advoga que os trabalhadores mais velhos devem retirar-se e dar lugar aos mais novos” é mais preponderante nas empresas privadas do que na administração pública em Portugal.
Com ECO