Vestígios de vivência militar encontrados nas imediações dos fortes de Bragandelo e da Pereira, em Arcos de Valdevez, vão ser recuperados para valorizar o “complexo de defesa da raia seca” durante a Guerra da Restauração.
Em declarações à agência Lusa esta terça-feira, no âmbito de um novo protocolo que aquela Câmara celebrou com a Universidade do Minho (UMinho), o autarca João Manuel Esteves explicou que os trabalhos arqueológicos realizados em 2018 permitiram detectar “nas proximidades dos dois fortins pontos de presença dos soldados, como locais para observação e controlo das tropas espanholas, bem como utensílios e peças artilharia, cuja existência era completamente desconhecida”.
Segundo o autarca social-democrata, a continuidade da parceria com a UMinho, iniciada há cinco anos para a valorização dos dois fortes do século XVII, situados na freguesia do Extremo, vai agora traduzir-se na valorização dos vestígios descobertos para “completar o complexo de defesa da raia seca durante a Guerra da Restauração”, tornando-o “em mais um activo turístico do concelho”.
João Manuel Esteves adiantou que os novos elementos históricos foram encontrados no decurso de investigação arqueológica, com recurso à tecnologia LIDAR (Light Detection And Ranging), uma técnica de detecção remota que permite realizar levantamentos topográficos e elaborar modelos tridimensionais da superfície da terra.
Desde o início da colaboração entre município e a universidade foram investidos cerca 50 mil euros na valorização do forte de Bragandelo, “o mais intervencionado por se apresentar em melhores condições de conservação”, e no da Pereira.
“Foi colocada sinalética interpretativa e de orientação, criando um circuito de visitação às marcas da Guerra da Restauração, no século XVII, deixadas no território. Não é investimento avultado, mas tem muito impacto porque permitiu criar um novo ponto de interesse turístico, mais um local de visitação, além do interesse que suscitou na comunidade científica”, destacou.
EXEMPLARES ÚNICOS
Os fortes do Extremo, datados do século XVII, “são exemplares únicos no contexto de toda a Península Ibérica, não só pelo estado de conservação, mas sobretudo pelas preciosas informações que trouxeram sobre esse conflito histórico e a importância do Extremo no contexto dessa guerra peninsular”.
Os novos elementos históricos vão ser alvo de intervenções de recuperação, para posterior sinalização e interpretação, num investimento de quatro mil euros.
A intenção da autarquia é continuar a valorização daquele espaço por constatar “que quer as comunidades locais, quer os visitantes valorizam muito locais relacionados com a história”.
João Manuel Esteves disse ainda estar prevista a “utilização de instalações existentes nas proximidades dos fortes como centro de interpretação do espaço, do território e do contexto social na época”.
Os fortes já constam dos roteiros turísticos promovidos pelo município que tenciona ainda lançar mais informação sobre “uma zona que, inicialmente não estava identificada como de interesse turístico”.