O estado da democracia português e as perspectivas para 2023, marcaram esta segunda-feira as intervenções do Presidente da República em Braga, onde participou na 3.ª edição da Unique Summit, uma cimeira que junta, no Altice Forum Braga, empreendedores e outros stakeholders de ecossistemas de inovação dos quatro cantos do mundo.
Sobre a democracia, Marcelo Rebelo de Sousa deixou um aviso, em jeito de alerta aos jovens.
Falando numa conferência inserida no ciclo ‘O Futuro já começou’, Marcelo apelou ao inconformismo dos jovens nessa luta pela democracia e sublinhou a importância do rejuvenescimento das instituições políticas.
“E preciso manter a democracia viva e repensá-la constantemente” para evitar o aparecimento de respostas “fora do sistema e quase à margem”.
Marcelo considerou que as instituições políticas “estão desajustadas de 60, 70 ou 80 por cento da sociedade”, pelo que apelou ao envolvimento dos jovens para mudar esta realidade.
“Há aqui um problema estrutural de renovação do sistema e dos protagonistas do sistema”, acrescentou, aludindo à pouca representação dos jovens na Assembleia da República e nas demais instituições políticas.
Marcelo considera que “as democracias europeias estão a demorar muito tempo a encontrar soluções, e isso abre caminho a que surjam respostas fora do sistema e quase à margem da democracia”, referiu.
Para o Presidente, é preciso “dar o salto” no plano da organização política, para que a democracia não ceda.
“É preciso manter a democracia viva, repensá-la constantemente (…). É preciso revitalizar a democracia, a democracia tem de dar o salto”, reiterou.
2023 MUITO DIFÍCIL
Após discursar na abertura da Cimeira, o Presidente da República deixou outo aviso, desta feita para um 2023 “cheio de incertezas”, ano “vai ser muito mais difícil” do que 2022, devido à guerra na Ucrânia e ao aumento da inflação e das taxas de juro devido à guerra na Ucrânia e ao aumento da inflação e das taxas de juro.
“O facto de a guerra continuar, o facto de a inflação continuar e haver uma certa incerteza quando à duração desta situação, que passa para o ano que vem, tudo isso aponta para um ano 2023 mais complicado do que o de 2022 e cheio de incertezas. E, no fundo, o que se passa, é que, quem tem de tomar decisões, como é o caso do Banco Central Europeu (BCE) e de outros bancos centrais, estar perante as incertezas, tomar as suas precauções”, disse aos jornalistas Marcelo Rebelo de Sousa quando questionado sobre mais uma subida, esta segunda-feira, das taxas Euribor – a três, seis e 12 meses – , para novos máximos desde o início de 2009.
“A elevação e a contínua elevação da taxa de juro significa uma preocupação muito grande com a incerteza de 2023. Vamos esperar que isto que está a marcar o fim de 2022 e o começo de 2023, não dure todo o ano, dure apenas uma parte limitada do ano, provavelmente um trimestre ou um semestre, no pior dos cenários. Mas nenhum de nós tem a certeza sobre isso”, salientou o Presidente da República, citado pela Lusa.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, “não há ninguém em Portugal, no Governo ou na oposição, que possa dizer que 2023 vai ser mais fácil ou comparável a 2022”.
“Vai ser muito mais difícil do que 2022”, reiterou o chefe de Estado.
Questionado sobre se este cenário de incertezas e de dificuldades pode comprometer no futuro a ajuda das instituições de solidariedade aos mais pobres, o Presidente da República respondeu que sim.
“Claro, sem dúvida. Os resultados que temos hoje da campanha [de recolha de alimentos] do Banco Alimentar são impressionantes, porque há um aumento de 24% em relação à ultima campanha. Quer dizer que os portugueses estão a perceber o que se está a passar, nomeadamente com os mais pobres, naqueles que sofrem mais com a situação da crise”, salientou Marcelo.