O Arquivo Histórico Militar está ao dispor do público numa nova plataforma, em https://arqhist.exercito.pt. Fonte universitária adiantou que, este projeto envolve a Keep Solutions, spin-off da Universidade do Minho, responsável pelo software (Archeevo) que gere e preserva os conteúdos. A modernização surge num contexto de constante mudança tecnológica, para satisfazer diferentes tipos de público, bem como maiores e mais exigentes necessidades de informação.
Qualquer cidadão pode consultar online os fundos do Arquivo, os quais contêm informação alusiva a relatórios e cartografias dos teatros de operações, baixas de guerra, projetos contra agressões externas, inimigos presos, correspondência pessoal e institucional, autos sobre conduta das tropas, materiais e veículos utilizados, milhares de fotos (desde figuras ilustres a soldados), propaganda pitoresca das Colónias/Ultramar e registos satíricos, entre outros. O maior e mais requisitado fundo é o do Corpo Expedicionário Português (CEP), o grupo enviado para França na I Guerra Mundial há precisamente um século. Inclui 74 mil boletins individuais de oficiais, sargentos e praças, o “Livro de Mortes por Concelho” (muito consultado por municípios), mas também a troca de informações com países aliados, a preparação militar em Tancos ou a pesada derrota em La Lys.
O subdiretor do Arquivo Histórico Militar, Capitão Cunha Roberto, considera a aplicação informática “imprescindível para o acesso e a recuperação dos fundos do Arquivo e para a disponibilização e divulgação da memória do Exército e de Portugal”. “É essencial que os softwares de gestão de informação, além de cumprirem o conjunto normativo de descrição, disponibilização e preservação dos objetos digitais, acrescentem mais-valias que respondam efetivamente às necessidades das pesquisas dos utilizadores e de quem trabalha no backoffice”, acrescenta. A ferramenta permite uma leitura rápida, eficaz e descentralizada dos documentos, bem como a preservação destes, evitando assim o seu excessivo manuseamento e reprodução. Permite também uma maior agilidade para cruzar fontes e explorar novas temáticas de estudo.
A origem do Arquivo Histórico Militar, criado na reforma republicana de maio de 1911, remonta ao arquivo do Conselho de Guerra, nascido em 1640 e considerado o primeiro arquivo militar português. Em 1736, este passou para a alçada da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra e, com a extinção do Conselho de Guerra em 1834, todo o espólio foi reunido no palacete do Pátio das Vacas em Belém. No final da guerra civil, o chamado Archivo Militar recebeu novas incorporações, como os arquivos do Governo Constitucional nos Açores e das ex-Inspeções Gerais de Infantaria e Cavalaria, entre outros. Seguiu-se um período de mudanças sucessivas de espaço, desde o Palácio da Ajuda, o Jardim Botânico, a antiga refinação do salitre de Alcântara e o Palácio dos Condes de Resende, fixando-se a partir de 1951 na ala leste do edifício do Estado Maior do Exército, em Santa Apolónia.
A Keep Solutions nasceu há oito anos e tem trabalhado para a Presidência da República, o Arquivo Nacional, a Marinha, o Exército, vários ministérios, dezenas de municípios e outras entidades. Participou em projetos como o Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP), que alberga meio milhão de documentos de dezenas de instituições de ensino, o Portal Português de Arquivos, com mais de 1.5 milhões de registos de arquivos nacionais, bem como os projetos europeus SCAPE, 4C e E-ARK, que incluem parceiros como as Bibliotecas Nacionais da Holanda, Áustria e Dinamarca, a British Library e a Microsoft Research.
Luís Moreira (CP 8078)